FOLHAPRESS - O treinador Paulo Fonseca, que esteve cotado para assumir o Corinthians antes de o clube acertar com o também português Vítor Pereira, encarou com a família uma viagem de 30 horas para fugir da guerra na Ucrânia.

Ex-técnico do Shakhtar Donetsk (2016-2019) e da Roma (2019-2021), Fonseca, 49, estava com a esposa, a ucraniana Katerina, e o filho de 3 anos, Martin, em Kiev quando a invasão da Rússia, agora na segunda semana, começou.

Com o perigo de bombardeio iminente, Fonseca começou a procurar um jeito de ir para a longe da cidade e do país.

Primeiramente, deslocou-se para um hotel na capital ucraniana cujo proprietário é o presidente do Shakhtar e que servia de refúgio para futebolistas, incluindo brasileiros, que defendiam o clube.

O Shakhtar, devido à falta de segurança na separatista Donetsk (leste da Ucrânia), não atua lá faz 13 anos. A atual base da equipe é Kiev.

De lá, Fonseca contatou a embaixada portuguesa, que providenciou transporte para o dia seguinte, rumo à fronteira no oeste.

Uma van abrigou a família de Fonseca, dois compatriotas dele que trabalhavam no Shakhtar – Edgar Cardoso, coordenador das categorias de base, e Filipe Sousa, nutricionista– e um casal que tinha um bebê de seis meses.

O treinador, atualmente sem clube, contou como foi a jornada de 30 horas, que começou em uma manhã e atravessou uma noite.

"Viajamos dia e noite sem parar. A viagem demorou 30 horas, passando pela Moldova e chegando à Romênia."

"Vi muitas vezes tropas da Ucrânia passarem na estrada, ouvimos alarmes, tinha muito trânsito. Passamos um longo período indo a 5 quilômetros por hora."

"Na viagem corremos perigo, mesmo dirigindo durante a noite. Ouvi aviões passando, mas não notei tiros ou confrontos."

Na Romênia, Fonseca gravou um vídeo no qual disse "estamos seguros neste momento, mas o pesadelo continua para o povo [ucraniano] que continua lutando de uma forma heroica".

Depois ele embarcou com a mulher e o filho para Lisboa, a capital de Portugal, de onde o técnico fez o relato, em uma entrevista a jornalistas, da aflição por que passaram.

Quando jogador, de 1991 a 2005, Fonseca, que é nascido em Moçambique, atuou como zagueiro. O principal clube que defendeu foi o Porto, de 1995 a 1998.