Reconhecido como o País do futebol, o Brasil sempre revelou grandes nomes para o esporte. A capacidade de improvisação, o drible e o gingado sempre fizeram parte de um vasto repertório de atletas que encantaram o mundo com a bola nos pés.

Fabricados na olaria de uma terra vermelha, meninos e meninas buscam seu espaço no futebol e futsal longe de casa. Terra sagrada que já produziu e revelou nomes como Élber e Rafinha, ídolos no Bayern de Munique, da Alemanha, Jadson, Fernandinho, Kléberson e Dagoberto, todos crias do PSTC e que consolidaram suas carreiras dentro e fora do Brasil.

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| Foto: Fernanda Luz/Agif/Folhapress

Tranquilo e ciente do caminho ainda a percorrer, Lucas Mazetti, campeão da última Copa São Paulo de juniores pelo Internacional de Porto Alegre, lembra sua trajetória desde os tempos de Londrina. "Comecei a jogar bola aos cinco anos no futsal e no campo, em Londrina. Aos 11 anos fui para o Santos, e após um tempo fui jogar no Coritiba, de lá, fui contratado pelo Inter no final de 2018. Espero conquistar muito por aqui."

O título do torneio de base mais importante do Brasil não ilude o lateral-direito que tem como referência outro londrinense. "A gente sabe que a conquista do título da Copa São Paulo é uma grande vitrine. Meu objetivo é continuar firme e persistente para chegar ao profissional. Tenho como referência o Rafinha, do Flamengo, pois ele sempre jogou em alto nível", comenta.

ABRINDO CAMINHOS

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| Foto: Van Campos /Fotoarena/Folhapress

Atualmente o futebol feminino, ainda que longe do mundo ideal, tem ganhado um pouco mais de espaço. Se no masculino Londrina tem grandes nomes como referência, o das mulheres ainda não tem ninguém que preencha esse espaço. E é isso o que a Giovanna Crivelari pretende fazer. "Espero conseguir ser referência para as meninas em Londrina, comecei da maneira mais difícil, uma peneira com 2.500 meninas, e eu fui a única que passei. Depois de passar por outros grandes clubes cheguei ao Corinthians e tenho planos de conquistar uma vaga na Seleção Brasileira, jogar em um grande clube da Europa. Jogar futebol é a realização de um sonho", conta a atacante londrinense.

A falta de apoio ao futebol das mulheres ainda incomoda e para a atleta corintiana a ausência de um clube na cidade passa também pela falta de incentivo da prefeitura. "A gente sempre espera mais apoio dos patrocinadores, mas também falta um pouco da prefeitura para termos um bom time bom em Londrina, eu sempre quis que tivesse uma equipe disputando grandes competições, tenho um sonho de um dia jogar pelo time da minha cidade", revela.

Das quadras de Londrina para o time de Falcão

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| Foto: Isaac Fontana/FramePhoto/Folhapress

Se no campo de futebol o atleta aprende a jogar um jogo mais pensado, tático, é no futsal que o instinto fala mais alto. O espaço encurtado, a velocidade e dinâmica da partida obrigam o jogador a desenvolver características fundamentais para o esporte: técnica e drible. Foi o que fez João Guilherme para chegar ao Jaraguá, tradicional equipe do futsal brasileiro.

Rápido e artilheiro, o ala começou sua carreira ainda cedo. "Com seis anos eu já jogava futsal no antigo Grêmio Londrinense, depois fui para o Colégio Londrinense, onde ganhei uma bolsa de estudos e joguei pela Unifil a Série Prata com 17 anos. Subimos a equipe para a Série Ouro, mas o projeto acabou e eu estava decidido a parar de jogar, pois não tinha mais time aqui", recorda.

O que ele menos esperava era que em um momento de lazer a grande chance da sua vida viria. "Eu estava na praia com uns amigos e recebi uma ligação falando de um teste que haveria no Corinthians. Abandonei os amigos e fui para o teste. Eram 10 garotos e duas vagas para o sub-20, foi a minha melhor semana de treinos. Por lá fiquei dois anos e meio, onde fui campeão e artilheiro do Paulista e campeão brasileiro", conta.

Com o destaque, o atleta de Londrina recebeu um convite pra lá de tentador. "Fui indicado para o Fernando Ferreti, que estava indo para o Jaraguá, o presidente do clube me ligou e disse sobre o Falcão, que é o maior de todos os tempos e que fez história por lá, eu balancei e não pensei duas vezes", relembra.

No Jaraguá há duas temporadas, João Guilherme realiza um sonho não só dele, mas também da família. "Ano passado foi minha melhor temporada. Concorri a duas categorias na votação dos melhores do ano, melhor ala e atleta revelação. Meu sonho é continuar firme por aqui mais algum tempo, conseguir um destaque para chegar à seleção, ir para Europa, onde o futsal é mais valorizado, e espero um dia jogar por um time daqui da cidade, é meu sonho e sonho do meu pai também. É triste uma cidade como Londrina não ter um time para disputar as competições de alto nível", lamenta. (G.A.)

Irmãos agarram a chance no futsal europeu

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| Foto: Divulgação

Momento máximo do futebol, o gol é para o atleta uma realização. Vibrar com a torcida, dedicá-lo aos amigos e familiares, comemorar com os companheiros de time, tudo isso passa pelo imaginário de quem está começando na carreira. Mas para outros a função é exatamente o oposto, é impedir que tudo isso aí acima aconteça. Leandro Barros começou a chamar a atenção debaixo das traves ainda muito novo. "Quando eu tinha cinco anos comecei a jogar futsal, com 17 eu treinava no Iate e representantes italianos me viram jogando e gostaram do meu desempenho. Fui para a Itália e joguei por 12 anos lá, cheguei a ser convocado para a seleção de base italiana, que foi o meu melhor momento da carreira e agora jogo na Inglaterra, estamos em primeiro, sendo campeões vamos para a Champions", conta o goleiro.

Em busca de independência financeira, muitos atletas sonham em jogar na fora do país, mas são poucos que persistem e ficam mesmo diante das adversidades. "Eu percebi que tinha virado atleta profissional quando cheguei na Itália e ganhei meu primeiro salário. Viver do futsal se tornou minha profissão, mas eu tive muita dificuldade na adaptação por conta da distância da família, saudade dos amigos, mas consegui me adaptar depois de um tempo e se tornou algo prazeroso para mim", diz.

No DNA da família, a posição de goleiro se estendeu para o irmão mais novo de Leandro. Evandro Barros também começou sua carreira em Londrina jogando por clubes da cidade. Após algum tempo, ele foi convidado para estar perto do irmão. E depois de algumas temporadas jogando juntos na Itália, hoje os dois moram na Inglaterra e sentem falta de um futsal mais forte em Londrina. "Tristeza é a palavra que define a situação do futsal em Londrina. Mas eu entendo que é complicado para os patrocinadores, o público de Londrina só acompanha quando o time é muito bom, quando o time está perto de ser campeão e isso vale para todos os esportes, espero que essa situação mude um dia", encerra Leandro. (G.A.)