Bruno se entregou à polícia de Varginha (MG) nesta terça, mas só será preso novamente quando receber o mandado da Justiça
Bruno se entregou à polícia de Varginha (MG) nesta terça, mas só será preso novamente quando receber o mandado da Justiça | Foto: Lávio Tavares/Hoje Em Dia/Estadão Conteúdo


Brasília - Os ministros da Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiram nesta terça-feira (25) que o goleiro Bruno deve voltar para a prisão. A decisão foi tomada por 3 dos 5 ministros que compõem o colegiado: Alexandre de Moraes, relator do caso, Luiz Fux e Rosa Weber.

Marco Aurélio Mello, que havia concedido liberdade ao ex-jogador, também faz parte da Primeira Turma, mas foi voto vencido. O caso foi ao plenário do colegiado para que os outros ministros referendassem ou não a decisão dele. O ministro Luís Roberto Barroso, que também faz parte, está em viagem e não participou da sessão.

Condenado a 22 anos e três meses de prisão pelo assassinato da amante Eliza Samudio, em 2010, ele está solto desde o último dia 24 de fevereiro após um habeas corpus concedido pelo ministro Mello. Antes, Bruno estava preso na Apac (Associação de Proteção e Assistência ao Condenado), Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Embora tivesse sido condenado em primeira instância em 2013, ainda aguardava, quase quatro anos depois, a análise de recurso pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais. O goleiro se apresentou à Delegacia Regional de Varginha, no sul de Minas Gerais, no final da tarde desta terça. No entanto, como ainda não há mandado de prisão expedido, ele retornou para casa, mas assinou um termo se comprometendo a se entregar definitivamente quando existir o documento.

DEFESA
A defesa de Bruno informou que irá recorrer da decisão na tentativa de impedir a expedição do mandado de prisão. "Vamos entrar com embargos de declaração amanhã [quarta] cedo", afirmou à reportagem o advogado Lúcio Adolfo. Caso a decisão pela prisão prevaleça ainda assim, Adolfo disse que apresentará Bruno à Justiça e recorrerá ao plenário do Supremo.

"Bruno está como eu: indignado e angustiado", afirmou. "Enquanto ele estava preso, a apelação à segunda instância do Judiciário demorou quatro anos. Agora solto, a decisão sai em dois meses."

Quando concedeu a soltura, há dois meses, o ministro Marco Aurélio argumentou que Bruno não poderia seguir encarcerado com base em prisão preventiva -
sem julgamento da apelação em segunda instância. Por isso, decidiu que ele poderia recorrer em liberdade.

"A esta altura, sem culpa formada, o paciente está preso há 6 anos e 7 meses. Nada, absolutamente nada, justifica tal fato", disse Marco Aurélio, ressaltando que a detenção de Bruno continuava sendo de natureza provisória. "O que a justiça determinar a gente tem que cumprir. É vida que segue", afirmou o diretor de futebol do Boa Esporte, Roberto Moraes.

CONTRATO
Após ser solto, Bruno voltou ao futebol profissional no início do mês ao ser contratado pelo Boa Esporte, de Uberlândia. Sua última partida tinha acontecido em junho de 2010, pelo Flamengo. A contratação dividiu os moradores de Varginha. Enquanto alguns apoiam, outros demonstraram ser contra. Um grupo de mulheres moradoras de Varginha organizou um ato de repúdio contra a contratação no dia da sua apresentação pelo clube mineiro.

Com a repercussão negativa da contratação do jogador, vários patrocinadores deixaram o Boa Esporte, entre eles a fornecedora de material esportivo. Embora o Boa ainda jogue com as camisas confeccionadas pela Kanxa, a marca da empresa não aparece mais. Com a volta à prisão, o goleiro Bruno deve ter o seu contrato rescindido com o Boa Esporte. Pelo menos é isso que prevê o acordo entre o jogador e o clube mineiro. "Caso isso [retorno à prisão] aconteça, o contrato rescinde automaticamente sem multa para os dois lados", afirmou o advogado de Bruno, Lúcio Adolfo.