Porto Alegre - Uma nova geração dos Moreiras começa a colecionar títulos no futebol. Ao contrário do pai Assis e do tio Ronaldinho, que têm trajetórias ligadas ao Grêmio, o garoto Diego Assis Moreira, 13 anos, foi campeão da Copa Saudades pelo Internacional, poucos meses depois de ter deixado o Olímpico e rompido o último laço que ligava a família ao Grêmio.
A competição é promovida há três anos pela Umbro no município de Saudades, no oeste catarinense, e reúne divisões infantis de clubes de todo o País. Segundo o diretor executivo das categorias de base do Internacional, Carlos Fraga, é cedo para dizer se Diego é um craque. ''Ele está na média dos garotos'', afirma, para reconhecer que o menino ''está bem aprimorado nos fundamentos, domina bem a bola, demonstra habilidade, dribla, passa e conclui com eficiência, especialmente com a perna direita''.
Jogando como meia, Diego fez dois dos 37 gols do time do colorado na Copa Saudades. Não marcou contra o Grêmio na semifinal e nem contra o Santos, na final, dia 4 de fevereiro, mas comemorou as vitórias, ambas por 2 a 0, com o gostinho especial de quem vence seu ex-time e de quem conquista seu primeiro título num novo clube.
Por 25 anos a família Assis Moreira manteve uma relação tumultuada com o Grêmio. Assis já era promessa de craque em 1982, nas categorias infantis, e foi ganhando espaço no time principal a partir de 1987. Naquele ano, para não cedê-lo ao Torino, o Grêmio deu uma casa à família do jovem. Assis retribuiu conduzindo o time ao título da Copa do Brasil em 1989, chegou à seleção, mas deixou o clube no início dos anos 90. Passou rapidamente pelo Vasco da Gama e acabou fazendo carreira em clubes da Suíça, França, México e Japão.
O caçula Ronaldinho seguiu no Olímpico até estourar no final dos anos 90. Era ídolo da torcida, mas, orientado por Assis, aproveitou a Lei Pelé para se transferir para o Paris Saint-Germain sem deixar qualquer lucro para o clube.
A separação traumática não impediu que Assis colocasse seu filho na escolinha de futebol do Grêmio. No final do ano passado, descontente com a falta de oportunidades, o ex-jogador levou Diego para o Internacional.
No Olímpico, os orientadores das categorias de base deixaram escapar que o garoto ficava na reserva por estar muito gordo. A saída de Diego foi mais simbólica do que propriamente traumática. Representou a ruptura total com os Moreiras, que dificilmente colocarão seus pés na calçada da fama do Olímpico, onde ídolos como Renato Gaúcho e De León
deixaram suas marcas. ''Que sejam felizes longe do Olímpico'', desdenha, sem esconder uma ponta de mágoa, o estudante Jarbas Freitas. ''Choramos tanto a transferência do Diego que o nível do Guaíba subiu'', ironiza seu colega Paulo Lopes.