São Paulo, 29 (AE) - Seis vezes campeão brasileiro, tetracampeão sul-americano, bicampeão pan-americano, tricampeão mundial e dono da medalha olímpica mais valiosa, a de ouro, ganha nos Jogos de Atlanta, em 1996. Com esse currículo, o que mais pode querer um iatista? Muito mais. "O tetracampeonato mundial e outra medalha olímpica", responde o velejador Robert Scheidt, de 27 anos, que se sente em uma excelente fase e tem talento para buscar os dois objetivos fixados para a temporada de 2000 na classe Laser.
O quarto de Scheidt, na casa dos pais, em São Paulo, onde mora - a mala, jogada em um canto, sempre à espera de seguir para a próxima viagem -, é pequeno para tantos troféus e medalhas, que ocupam cada canto de uma estante. As "tralhas" de vela estão na garagem e o antigo quarto da irmã, agora casada
é um escritório improvisado e uma sala de musculação. Scheidt não se preocupa em deixar a vela fora de casa. Faz parte de sua vida. "Adoro velejar."
Robert viaja domingo para Cancún, onde vai disputar o décimo Mundial de sua carreira, iniciada aos 9 anos, quando ganhou um barco da classe Optimist. E acha que atravessa um dos melhores momentos da carreira para conseguir o primeiro objetivo da temporada, que é o tetracampeonato mundial.
"Acho que hoje posso aliar a condição técnica à psicológica, estou muito bem treinado e, ao mesmo tempo, confiante; amadureci muito", explica. Scheidt está invicto há 21 regatas, a última do Campeonato Australiano de Laser, outras 10 da Semana Pré-Olímpica e mais as 10 do Campeonato Brasileiro.
Em Cancún, entre os dias 16 e 22, disputará, com cerca de 150 participantes, outras 14 regatas, em que vai enfrentar seus rivais diretos na temporada, os quatro primeiros no ranking mundial, pela ordem, o inglês Ben Ainslie, o australiano Michael Blackburn, o sueco Kalle Suneson e o holandês Serge Katz. Scheidt é o quinto no ranking e embora ressalte que, tecnicamente, o Mundial é mais difícil que a Olimpíada - em que o pior é a pressão psicológica -, concorda que está na lista dos favoritos.
O importante, frisa, é manter a concentração na temporada, sem desvios, incluindo questões do coração. "Uma hora vai aparecer a pessoa, mas nos próximos meses quero ficar focado no Mundial e na Olimpíada."