SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O São Paulo chegou a um acordo e rescindiu o contrato do lateral-direito Daniel Alves. As conversas já estavam bastante adiantadas desde ontem (15) e, como informou o UOL Esporte, havia um acordo apalavrado entre as partes. Hoje, com detalhes burocráticos resolvidos, houve a assinatura da rescisão contratual. O clube oficializou o acordo em curta nota oficial.

O Tricolor paulista vai pagar cerca de R$ 15 milhões que deve ao jogador a partir do ano que vem de maneira parcelada em cinco anos.

Agora, o lateral-direito da seleção brasileira está livre no mercado e pode se transferir e atuar por outra equipe neste Brasileirão, já que fez apenas seis jogos com a camisa do Tricolor paulista no torneio — número limite para trocar de clube. No entanto, o período para inscrição de atletas se encerra no dia 24 deste mês.

Após diversos desgastes entre as partes, a ruptura definitiva na relação ocorreu na última semana, quando Daniel Alves não se reapresentou ao São Paulo após período com a seleção brasileira e irritou o clube ao "mandar recado" via seu estafe que não jogaria mais enquanto houvesse dívida do clube com ele.

O Tricolor paulista foi avisado da ausência do lateral na noite anterior à reapresentação e ficou horas em reunião para decidir o próximo passo. Uma nova conversa na manhã seguinte selou o fim da relação e resultou no pronunciamento oficial da direção para esclarecer que Daniel Alves não jogaria mais pelo São Paulo e já não estava mais disponível para o técnico Hernán Crespo.

A dívida do São Paulo com o atleta está na casa dos R$ 15 milhões, além de R$ 3 milhões para empresários que fizeram a intermediação do negócio. O Tricolor tentou por diversas vezes negociar uma forma de pagar o montante devido ao lateral sem que houvesse rompimento da relação, mas não houve acordo. A ideia do São Paulo era parcelar a dívida e pagar os valores a partir do ano que vem, diante da situação financeira delicada vivida pelo clube no momento.

Apresentado de forma apoteótica com a camisa 10 em um Morumbi lotado, Daniel Alves chegou ao clube com salário na casa de R$ 1,5 milhão e a antiga diretoria são-paulina afirmava ter parceiros comerciais que ajudariam a bancar os valores exorbitantes do negócio. Meses depois, porém, nada foi fechado e o Tricolor paulista se viu sozinho para arcar com o montante.

Daniel Alves acumulou rusgas com torcida e direção durante sua passagem de dois anos. Chegou a rejeitar um plano de marketing oferecido pelo clube e, no fim das conversas, mandou recado via seus empresários ao invés de falar diretamente com o clube.

O lateral foi alvo de críticas do torcedor principalmente quando optou por aceitar o convite do técnico André Jardine para disputar as Olimpíadas de Tóquio-2020 como um dos jogadores acima dos 23 anos da seleção brasileira. Com problemas no Brasileirão e frequentando até a zona do rebaixamento, parte da torcida afirmou que Dani Alves estava abandonando o clube.

A decisão do lateral foi apoiada pela diretoria do clube, que se viu sem poder para vetar a ida do jogador diante da grande dívida salarial com ele. Depois da conquista do ouro nos Jogos Olímpicos, o lateral-direito desabafou ao dizer que "o São Paulo falhou com ele" e que "ele não falhava com o São Paulo".

A frase caiu como uma bomba nos corredores do Morumbi às vésperas de um São Paulo e Palmeiras decisivo pelas quartas de final da Copa Libertadores. Dani Alves foi para o jogo, mas não conseguiu ajudar o Tricolor paulista, que acabou eliminado pelo rival na competição sul-americana.

Sem Dani Alves, o São Paulo tem Igor Vinicius e Orejuela como laterais de origem para a posição. O paraguaio Galeano também pode jogar na função e já foi escolhido por Hernán Crespo quando o argentino quer dar mais poderio ofensivo ao time.