SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Passada a euforia pela classificação às quartas de final da Copa do Brasil, o São Paulo agora volta suas atenções para o Campeonato Brasileiro. Neste domingo (17), o Tricolor recebe o Fluminense, às 16h (de Brasília), no Morumbi. E o time vai reencontrar um componente importante na montagem do elenco comandado por Rogério Ceni.

Fernando Diniz chegou ao Tricolor em setembro de 2019 e foi demitido em fevereiro de 2021. Sob o comando do treinador, o São Paulo viu de perto a possibilidade de sair da fila de títulos, o que só aconteceria com Hernán Crespo, sucessor de Diniz.

Nos melhores momentos, o "Dinizismo" virou febre, empolgou torcedores e calou os críticos. E tudo por conta da ousadia do treinador, que constantemente era visto gritando "vamos jogar" para seus jogadores na beira do gramado.

A saída de bola diretamente com o goleiro é um dos pontos em que a atuação de Diniz tem marca registrada. Ele pedia para que Tiago Volpi e os zagueiros do São Paulo tivessem iniciativa para iniciar a construção de jogo desde o campo de defesa, a poucos metros do próprio gol. O risco, calculado, serve para atrair o adversário, forçando o desencaixe na marcação, abrindo espaços e criando oportunidades para marcar chegar à área adversária.

Para conseguir desenvolver o trabalho, Diniz teve a competência para enxergar talento escondido nos mais diversos cantos.

Sem dinheiro para gastar com contratações, e com a pandemia que assolou o mundo diminuindo as receitas do clube, o São Paulo entrou em um período ainda maior de contenção das despesas. A única contratação que Diniz teve enquanto esteve no São Paulo foi a chegada do atacante Luciano, trocado por Everton, que foi para o Grêmio.

Outro homem de confiança de Diniz, o volante Tchê Tchê, seria peça fundamental da equipe, e teve papel preponderante para a derrocada do time no Brasileiro de 2021.

Para implantar seu sistema de jogo, Diniz precisava de um time com jogadores rápidos e ágeis. O caminho encontrado foi recorrer às categorias de base do Tricolor. Ele pediu o retorno de Brenner, que acabou formando uma dupla de ataque letal com Luciano.

Além disso, potencializou alguns jovens, como Antony, Igor Gomes e Gabriel Sara. Também promoveu mudanças táticas, como escalar o lateral esquerdo Léo Pelé como zagueiro pela esquerda, criando mais uma alternativa para desafogar a saída de bola do time.

"Nós temos o Fluminense, que para mim, não pela posição que ocupa, mas você pega o time do Fluminense hoje, primeiro que tem um ótimo treinador. Vejo o meio de campo, André, Martinelli, Ganso... São várias opções. Nós temos hoje [para o meio de campo] Pablo Maia e Gabriel Neves. Há muito tempo temos Pablo e Neves. Em muitos jogos, ou Pablo ou Neves. O Fluminense tem muitas opções e tem um grande treinador", admitiu Rogério Ceni, projetando o duelo deste domingo.

Retorno financeiro

Mas o legado de Diniz vai além dos aspectos técnicos e táticos. O aumento de rendimento de algumas joias da base fez com que as propostas pelas revelações de Cotia começassem a chegar.

Gabriel Sara, que por muitas vezes foi ridicularizado por torcedores que prometiam virar astronautas se o meia vingasse, é o caso mais recente. Diniz deu ao camisa 21 a confiança necessária para 'explodir'. De tímido a um dos grandes jogadores do elenco, com gols e assistências, Sara deixou o São Paulo e rumou para Inglaterra, onde vai defender o Norwich. Sua transferência foi acertada por 9,5 milhões de libras (aproximadamente R$ 61 milhões).

Antes dele, outro que parecia não ter solução era Brenner. Revelado em 2017, o talentoso atacante não conseguia sequência e parecia desinteressado. Depois de treiná-lo enquanto esteve no Fluminense, Diniz pediu para que o São Paulo o trouxesse de volta. A aposta se mostrou acertada. Brenner formou com Luciano uma dupla que tinha como característica a movimentação constante, o que transformou os dois jogadores em goleadores na temporada. O resultado financeiro apareceu quando o Tricolor negociou Brenner com o Cincinnati FC, dos Estados Unidos, por US$ 13 milhões (R$ 70 milhões).

"Gosto de trabalhar com a base, e esse é um clube que precisa formar jogadores. Um clube que tem muitos juros para pagar e cada venda da base paga os juros", afirmou Ceni, depois do jogo com o Palmeiras.

Embora o trabalho de Diniz tenha acabado sem títulos no São Paulo, que foi eliminado na semifinal da Copa do Brasil pelo Grêmio, e deu adeus ao Brasileirão, mesmo tendo ficado sete pontos à frente do segundo colocado, o time apresentou um futebol agradável e competitivo na maior parte da passagem do técnico no Morumbi.

As vitórias em sequência sobre o Flamengo, algumas delas quando Ceni comandava o Rubro-Negro, ficaram marcadas. Assim como as eliminações para o Mirassol, no Paulista, e Lanús, na Sul-Americana. A discussão pública com Tchê Tchê também. Por ter passado do ponto, Diniz teve de vir a público se desculpar com o volante, então no Tricolor.

Mas o momento no Fluminense é outro. No comando do tricolor carioca desde maio, conquistou 12 vitórias em 18 jogos. O Fluminense não perde há sete jogos, sendo seis vitórias consecutivas.

Estádio: Morumbi, em São Paulo

Horário: 16h deste domingo (17)

Árbitro: Wilton Pereira Sampaio (GO)

Transmissão: TV Aberta (Rede Globo), Premiere e internet