SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Aos 37 anos, João Gomes Júnior chegou ao Mundial de Fukuoka com boas expectativas, mas com os pés no chão. Em conversa com o UOL, antes de viajar ao Japão, ele explicou que se sente bem resolvido com a carreira, mas a essa altura o foco é sempre na evolução por ele e pela equipe.

"Eu não saio de casa hoje, com 37 anos, só pra vir nadar. Eu sempre falo que não saio de casa por sair. Tenho que sair de casa para bater em alguém, não para tomar porrada, a modo de dizer. Eu sigo treinando forte, com a consciência de que não estou lutando só por mim, mas por toda a equipe e estrutura que está por trás do atleta", disse João em entrevista no Clube Pinheiros, em São Paulo. O brasileiro é o terceiro atleta mais velho neste Mundial, atrás apenas do russo Roland Scholman e de Marc Dansou, do Benin.

"Antigamente era mais uma motivação pessoal. Agora, não. Depois que eu consegui entender o propósito de um clube por trás e o quanto a entidade se empenha para a gente chegar lá e empenhar um resultado. Hoje eu consigo entender muito mais que não é só por mim, não é só mais pelo João atleta. É por todo o estafe de um clube, por todo o Brasil. É chegar lá e ver a nossa bandeira subindo no pódio, ver o reconhecimento da molecada", refletiu o atleta.

Hoje, no Mundial, João chegou a mais uma final com o quinto melhor tempo na prova em que foi medalhista duas vezes, os 50m peito. Ele tem chances de chegar ao pódio novamente amanhã.

A estreia do experiente atleta foi nos 100m peito. João chegou à semi, mas acabou fora da decisão. Após a final dos 50m peito, o nadador ainda disputa o revezamento 4x100 medley masculino.

A TROCA COM A "MOLECADA"

Durante os treinamentos, João divide a piscina com outros atletas olímpicos, mas também com os jovens aspirantes. Por ser um dos mais experientes, o especialista no nado peito dá uma mãozinha aos professores.

"A gente tem o contato com a escolinha na raia ao lado e isso acaba me incentivando. Os técnicos falam que molecada ouve muito mais a gente do que eles. É o ídolo que está lá. Então, às vezes, eles pedem para que eu troque uma ideia com determinada criança que se decepcionou em uma competição e precisa se motivar novamente. Se eles assimilarem 10% já está ótimo para mim", falou João.

Quando viaja em grandes competições com a seleção brasileira, João também acaba se tornando uma referência para os atletas mais novos. Segundo ele, estar no meio desses nadadores promove uma certa renovação pessoal.

"É muito bom ter essa troca com atletas de outras idades, porque me faz ser jovem. Acho que hoje temos poucos acima dos 30 anos: eu, Marcelo Chierighini, Leonardo de Deus. Então, estar em um grupo tão mesclado é outra motivação. A gente consegue se alimentar um pouquinho dessa juventude", comentou.