BELO HORIZONTE, MG (UOL/FOLHAPRESS) - Após a divulgação da nota oficial da Mesa Diretora do Conselho Deliberativo do Cruzeiro, na qual foram expostos dados confidenciais da carta de intenção de compra dos 90% das ações da SAF do Cruzeiro, Ronaldo se manifestou e rebateu alguns pontos levantados pelo grupo de conselheiros.

O ex-jogador procurou esclarecer o ponto mais polêmico revelado pelos conselheiros: a forma como seria feito os R$ 350 milhões restantes e anunciados de investimento no clube-empresa, depois de um aporte inicial de R$ 50 milhões no primeiro ano de gestão.

Ele admitiu que essa quantia pode ser gerada a partir de receitas da própria SAF, mas disse que o contrato também prevê a opção de injeção de seus próprios recursos na empreitada —informação que não constava na mensagem do grupo contestador.

"O valor de investimento previsto na proposta de aquisição define um aporte inicial de R$50 milhões, além de um compromisso de investimento de mais R$350 milhões que pode ser feito através de incremento de receitas ou de aporte direto", sublinhou.

Ronaldo, então, lembrou que, a lei das SAF obriga o repasse de 20% das receitas geradas à associação Cruzeiro. "[Um dinheiro] para quitação da dívida bilionária acumulada por anos de má gestão, fato esse que pode gerar mais R$70 milhões em receitas para a quitação da dívida e que parece ser ignorado pelos responsáveis pela nota", disse.

Em sua defesa, o empresário afirmou que, ao analisar as contas do clube mineiro antes de fechar a compra, encontrou uma "realidade significativamente mais grave do que aquela indicada nas informações inicialmente disponibilizadas" e que, por isso, espera que sejam feitos ajustes no acordo com o clube para que o negócio seja fechado.

Isso vai de encontro a um item que também incomodou os conselheiros: o pedido de Ronaldo para a transferência das Tocas 1 e 2 para a SAF. O dirigente quer os dois complexos como garantia antes de finalizar a compra, afirmando que seria um movimento para resguardar o patrimônio do clube.

"Vale ressaltar também que o pedido de inclusão das Tocas I e II na transação é simplesmente para proteção de patrimônio do Cruzeiro diante de uma realidade que se revelou significativamente mais grave do que aquela indicada nas informações inicialmente disponibilizadas e que foram utilizadas para a elaboração da proposta apresentada ao Cruzeiro", disse.

"Hoje a Toca I, a sede do Barro Preto e parte de todas as receitas do futebol estão comprometidas em razão de dívidas tributárias de aproximadamente R$400 milhões, as quais não estavam previstas na negociação inicial. No curto prazo os imóveis podem ser leiloados e as receitas apropriadas por falta de pagamento", completou.

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