Renault decide permanecer na F1 mesmo após anunciar corte bilionário
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sexta-feira, 29 de maio de 2020
JULIANNE CERASOLI
UOL/FOLHAPRESS - A Renault anunciou que segue comprometida com a Fórmula 1 mesmo depois de revelar um plano para cortar 2 bilhões de euros (mais de 12 bilhões de reais) nos próximos três anos e 15.000 empregos globalmente. A montadora francesa enfrenta uma grave crise. A decisão é um alento para o mundo da F1, depois que a Williams divulgou também nesta sexta-feira (29) que o time está formalmente à venda.
Em anúncio feito nesta sexta-feira, a CEO interina da Renault, Clotilde Delbos, reafirmou que o projeto da Fórmula 1 não será afetado pelos cortes. "Já dissemos isso publicamente e podemos confirmar nossa intenção de continuar na F1. As notícias a respeito das novas regras e o teto orçamentário são muito boas para nós, já que nós investimos menos nessa área que alguns de nossos rivais, que estavam gastando muito dinheiro. Então continuaremos na F1."
Delbos se refere a Mercedes, Ferrari e Red Bull-Honda, cujos orçamentos superaram os 400 milhões de dólares nos últimos anos, enquanto a Renault, que voltou, em 2016, a ter controle da equipe com a qual foi bicampeã em 2005 e 2006, vem gastando entre 250 e 300 milhões de dólares por ano.
Além disso, um conjunto de medidas aprovado pela Fórmula 1 nesta semana melhora a posição da Renault no campeonato: como citado por Delbos, a categoria vai adotar um teto orçamentário. Cada equipe poderá gastar 145 milhões de dólares em 2021, 140 milhões em 2022 e 135 de 2023 a 2025.
Há algumas exceções que não têm a ver diretamente com performance, como os gastos com marketing, salários dos pilotos e dos três funcionários mais bem pagos, além de algumas taxas. São itens que variam muito de equipe para equipe mas, entre os grandes, calcula-se que os gastos reais fiquem em torno dos 250 milhões. Ou seja, ao contrário dos rivais, a Renault não terá de fazer tantas adaptações em seu modelo de negócio.
Em relação às regras técnicas, as novidades da F1 podem ajudar o time a diminuir a diferença de performance que tem hoje para as equipes que lutam por vitórias: a Renault foi a quinta colocada ano passado e ainda não venceu desde seu retorno ao esporte.
Também a partir de 2021, o desenvolvimento aerodinâmico será limitado de acordo com a posição de cada equipe no campeonato. Ou seja, quem tiver mais sucesso em uma temporada terá direito a menos tempo de desenvolvimento de seus carros no ano seguinte. A ideia é deixar o campeonato mais competitivo.
Por conta dessas mudanças, mesmo que a F1 deva ser fortemente atingida pela crise do novo coronavírus, pois sua receita depende diretamente do número de corridas realizadas, a avaliação da Renault é que um compromisso a médio prazo com a categoria vale a pena.
A F1 voltará às pistas com duas corridas na Áustria, nos dias 5 e 12 de julho, mas o calendário final ainda não foi definido. A tentativa é fazer de 15 a 18 provas. O calendário original tinha 22 GPs pela primeira vez em 70 anos de história.