O ex-técnico da Seleção Brasileira de futebol, Wanderley Luxemburgo, e sua ex-assessora Renata Alves serão os primeiros a depor na CPI do Futebol, do Senado. O requerimento convocando os dois foi aprovado por unanimidade na sessão de instalação da CPI. A idéia inicial é que os dois depoimentos ocorram no mesmo dia, o que pode provocar uma acareação entre eles ao final da sessão da comissão.
A data ainda não está definida, mas será na primeira semana após o segundo turno das eleições municipais, no próximo dia 29. Renata Alves, estudante de direito, vem fazendo um série de denúncias contra o treinador. A mais grave é que ele utilizava o cargo de técnico da seleção para negociar jogadores.
Luxemburgo e seu advogado, Michel Assef, negam a acusação. Renata está sendo processada pelos dois por conta das denúncias. A estudante, assim como o técnico, é ré em processo movido contra eles pela Receita Federal. Os dois teriam sonegado impostos no período em que atuaram juntos, no ramo de compra e venda de automóveis, antes de Luxemburgo chegar à seleção.
Para o presidente da CPI, Alvaro Dias (PSDB-PR), Luxemburgo não será ouvido na comissão apenas como suspeito de ter participado de negociações irregulares, mas ‘‘como uma peça importante do mundo do futebol.’’ O senador espera que Luxemburgo faça revelações que levem a CPI a transações irregulares na CBF e no Clube dos 13, grupo que reúne os times grandes do país.
Dias afirmou que a decisão de iniciar os depoimentos com Luxemburgo e Renata faz parte de uma estratégia definida antes mesmo do início da comissão. Segundo ele, a estudante promete apresentar provas contra o treinador na CPI.
Além da convocação dos dois, também foram aprovados ontem requerimentos solicitando informações ao BC (Banco Central), à Receita e à Previdência.
CPI da Nike – O deputado federal Padre Roque (PT-PR) solicitou ontem à presidência da Câmara a substituição dos deputados Darcísio Perondi (PMDB-RS) e Eurico Miranda (PPB-RJ) da CPI da Nike, criada para investigar o contrato entre esta empresa e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Os dois deputados tiveram ajuda financeira da CBF para suas campanhas eleitorais, em 1998. ‘‘Isso tira toda a credibilidade e imparcialidade da CPI’’, alegou o deputado Roque. ‘‘Se os dois não saírem, a CPI ficará sob eterna suspeição.’’
Há um cheque da CBF, no valor de R$ 50 mil, na prestação de contas da campanha de Eurico, no TRE do Rio de Janeiro. Perondi, irmão do presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Emídio Perondi, foi beneficiado com R$ 100 mil. A divulgação do fato causou constrangimento entre os membros da CPI da Câmara.