Reinaldo se vê entre os melhores laterais e sonha com a seleção brasileira
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quarta-feira, 06 de novembro de 2019
Guilherme Amaro
Aos 30 anos, Reinaldo vive a sua melhor fase na carreira. O lateral-esquerdo é o jogador de linha que mais atuou pelo São Paulo nesta temporada, com 48 partidas, e é o vice-artilheiro do elenco, com seis gols, um a menos do que Alexandre Pato. Antes criticado pela torcida tricolor, assumiu papel de protagonista neste ano: é um dos capitães e cobrador de pênaltis, mesmo com a "concorrência" de Daniel Alves e Hernanes, por exemplo. O bom momento faz até sonhar com a seleção brasileira. Em entrevista ao Estado, ele diz estar entre os melhores da posição no País.
As boas atuações de Reinaldo chamaram a atenção do Al-Ahli, da Arábia Saudita. A diretoria do São Paulo, porém, recusou a proposta e renovou o contrato do lateral-esquerdo por mais um ano, até o final de 2021, com possibilidade de prorrogação até o fim de 2022. Ele chegou ao clube em 2013 e foi emprestado à Ponte Preta em 2016 e à Chapecoense em 2017.
Como analisa a fase do São Paulo, que entrou no G-4?
O time está encaixando bem, o professor Diniz vem pedindo, mas temos muito a melhorar como equipe. É seguir o trabalho para sempre melhorar. É importante estarmos sempre na parte de cima da tabela, cada jogo vai ser uma final. Deus está me honrando com grandes partidas, com gols e ajudando meus companheiros dentro de campo.
O que precisa melhorar?
Podemos melhorar em um todo. Na parte defensiva, no ataque, intensidade. Tem de estar sempre melhorando. Dar sempre o seu melhor em todo jogo, seja um clássico ou contra um time que está na parte de baixo. Temos de colocar nosso jogo em prática. Tenho certeza de que vamos melhorar. O professor Diniz bate bastante nessa tecla, e a tendência é melhorar ainda mais.
O que mudou com Diniz?
É um estilo de jogo que eu já vinha acompanhando das outras equipes dele. É uma comissão técnica que veio trazer uma coisa nova e assimilamos muito bem no dia a dia e nos jogos. É um trabalho diferente do que vínhamos tendo. Estamos fazendo nosso papel dentro de campo, sempre melhorando para jogar um futebol bonito, ter a bola sempre e conseguir o resultado. Ele pede para termos personalidade com a bola e intensidade sem.
Como vê a briga pelo G-4?
O Grêmio vem muito forte, o Inter também. Mas não temos de olhar para as outras equipes. Temos de focar no nosso objetivo. Tendo resultado, vamos permanecer no G-4. Sobre o título, não gosto muito de opinar, mas o Flamengo está com uma vantagem muito boa. É deixar eles brigarem e ver o que vai dar. Temos de focar no nosso objetivo que é continuar no G-4.
Como foi a sua volta por cima após as críticas?
Desde que voltei no ano passado foi para conquistar o carinho do torcedor são-paulino. Saí meio com desconfiança, passei dois anos fora e voltei com esse objetivo de conquistar o carinho no dia a dia e nos jogos. Fiz grandes partidas ano passado e venho repetindo neste ano. Era o meu objetivo porque sabia que o Reinaldo que estava saindo daqui em 2016 não era o Reinaldo mesmo de agora. Amadureci e dei a volta por cima. Este ano está sendo maravilhoso, tenho feito gols e ajudado o São Paulo a conquistar as vitórias. Conquistei o carinho do torcedor, que também é muito importante. O São Paulo indo bem, nosso torcedor vai estar sempre feliz.
Pensa em seleção brasileira?
Venho trabalhando, é um sonho de todo jogador. Creio que hoje estou entre os melhores da posição no Brasileiro, que é o campeonato que estou disputando, e jogando em um grande clube como o São Paulo. Então, tenho certeza de que logo mais vai aparecer a oportunidade. Tenho de manter o trabalho, porque isso vem naturalmente. Tenho de manter o foco aqui no São Paulo para ter essa oportunidade, seja agora ou a longo prazo. Estou trabalhando para conquistar mais esse sonho, que é vestir a camisa da seleção brasileira.
Você tem sido capitão e cobrador de pênaltis em alguns jogos. Como é essa responsabilidade?
Capitão não é só quem está com a braçadeira. Todos têm sua parcela na equipe. O capitão geral é o nosso treinador. Tem um representante em campo. Sobre bater pênalti, sempre deixo aberto para Hernanes, Pato ou Dani. Quem estiver confiante bate. Eles estão me deixando bater. É mais na hora, no momento quem está mais confiante. Já perdi, já fiz, e tenho a confiança dos meus companheiros.
Você também é visto como um líder do vestiário e brincalhão. Como é no dia a dia?
Gosto muito de brincar, de dar risada, deixar meus companheiros sempre para cima. Sempre tem a música, mas tem a playlist do Tchê Tchê, do Vitor (Bueno) e do Dani. Tem dias que enjoam da minha playlist e vai para a deles. São parecidas, só a do Vitor que tem mais sertanejo. As nossas têm mais samba, axé e alguns sertanejos. Está aberto, quem quiser colocar pode pôr, mas tem de ter boas músicas, senão vai ser cornetado.
Pensou em sair com a proposta do Al-Ahli, da Arábia Saudita, no meio do ano?
A proposta era muito boa para mim, mas para o São Paulo não era viável me negociar agora. Como sempre falei: se não for boa para as duas partes, não tem acordo. Se fosse boa para os dois, iríamos sentar e conversar. Graças a Deus continuei e renovei meu contrato, fruto de um bom trabalho e reconhecimento do clube.
Sonha em jogar fora do Brasil ainda?
Já tive mais forte isso, mas meu maior sonho agora é ser campeão pelo São Paulo. Todo jogador que passa no clube e ganha título acaba sendo um ídolo. Ser campeão e deixar minha foto em um quadro no CT é muito importante.
O que acha do apelido "Kingnaldo"?
Aprovo, mas deixa para o torcedor se divertir nas redes sociais. Acho bem legal, é válido, é um carinho que o torcedor tem por mim e levo na brincadeira, gosto bastante quando eles me chamam assim.
Sobre o jogo contra o Fluminense, você fez dois gols no primeiro turno. Te dá mais confiança para esse reencontro?
Tem de ter confiança sempre, seja quem for o adversário. Pude fazer dois gols no primeiro turno, e meu primeiro gol aqui no São Paulo também foi contra o Fluminense. É uma coincidência boa. Espero que saia mais um gol agora.
É melhor enfrentar um time que está na parte de cima ou brigando contra o rebaixamento?
As duas coisas são difíceis: quem está na parte de baixo lutando para sair da zona de rebaixamento e que está lá em cima na briga por título e Libertadores. Chega nessa parte final do campeonato fica muito difícil, não tem jogo fácil, e temos de encarar todo jogo como uma final.
O que mudou para o São Paulo estar 100% em casa com o Diniz?
Tínhamos de mudar isso diante do nosso torcedor. Estávamos conseguindo os resultados fora, mas dentro de casa não. Sentamos e conversamos para fazer nosso trabalho em casa e roubar pontos fora. Estamos nessa sequência boa de vitórias no Morumbi.