PORTO ALEGRE, RS (UOL/FOLHAPRESS) - Miguel Ángel Ramírez voltou a falar sobre o calendário do futebol brasileiro. Depois de o Internacional vencer o Vitória na quinta-feira (3), pela Copa do Brasil, o treinador espanhol afirmou que a rotina no Brasil é "uma loucura" e que não há paciência para ideias novas.

O técnico ainda declarou que o clube gaúcho, que já voltará a campo neste domingo (6), para duelo com o Fortaleza, agora pelo Campeonato Brasileiro, tem um projeto de futebol e que não haverá evolução se a cultura local não mudar. Desde que chegou ao Inter somou 19 jogos —com 10 vitórias, 4 empates e 5 derrotas.

"O futebol [no Brasil] não vai evoluir se não fizer algo diferente. Se fizerem a mesma coisa, ano após ano, tipo tirando um treinador e botando outro, mudando esse ou aquele jogador, e assim vai... Eu gostei muito da entrevista de Daniel Alves onde fala que o Brasil é um cemitério de treinadores", afirmou.

"Eu digo que tento ajudar por onde passo, e, se servir, ok, ótimo: o que soma, que fique. É assim no Inter, e espero, quero que seja no futebol brasileiro. Ou a gente muda, ou o futebol brasileiro não vai evoluir. Quem faz coisas diferentes não tem tempo", completou Miguel Ángel Ramírez.

Campeão da Copa Sul-Americana com o Independiente Del Valle (EQU), o treinador já convive com críticas em Porto Alegre. A vitória em Salvador encerrou período de três partidas sem triunfo. A sequência chegou a reservar somente uma vitória em seis partidas.

Em consequência, os protestos de colorados passaram a ser rotina no CT e hotel. Antes da partida contra o Sport na estreia do Campeonato Brasileiro, torcedores xingaram jogadores e o treinador na chegada ao hotel onde o grupo se concentrava.

"O Inter quer ter um projeto de futebol com o time principal e a base, quer fazer as coisas de uma maneira. E se não tiver resultado: 'ah, não serve!'. E aí vai cair na sorte: se tivermos sorte, vamos ganhar?", questionou o treinador, ainda na entrevista coletiva após o jogo no Barradão.

"Eu vou aprendendo ao estar aqui, mas sei que não vai evoluir se não houver espaço para tentar coisas diferentes, como fazem em outro país. Esses lugares tiveram a paciência e, por isso, revolucionaram. Aqui não há paciência, e jogando a cada três dias é botar o time em campo e ver o que dá", declarou.

Em outro trecho da mesma entrevista, Ramírez estendeu a crítica ao calendário de futebol no Brasil. "Tem uma reflexão que é muito mais profunda, fizemos ela aqui dentro: esse time veio de um ano com carga de partidas elevada e tem uma queda de capacidade física. Tivemos uma parada que não serviu para recuperar ou manter a forma física e começamos um período competitivo. Não tivemos pré-temporada. Começamos na segunda-feira com testes e tivemos três treinos até a estreia. É impossível, impossível em um período competitivo ter uma condição física ótima para o alto rendimento."

"E volto à reflexão que fiz depois do Gre-Nal sobre a cultura do país: não é só com o Inter, mas com todos os times. O ritmo dos jogos é baixo. Eu vi o final do Brasileiro, e os times caminhavam, o volume de partidas que jogamos é uma loucura. E a condição física vai continuar ruim", destacou.

Estádio: Castelão, em Fortaleza (CE)

Horário: 16h (de Brasília) deste domingo (6)

Árbitro: Paulo Roberto Alves Junior (PR)

VAR: Adriano Milczvski (PR)

Transmissão: TV Globo e Premiere