SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Rafaela Silva conquistou neste sábado (8) o mundial de judô na categoria até 57kg em Tashkent, no Uzbequistão, após dois anos de suspensão por doping, entre 2019 e 2021. Ela foi campeã olímpica no Rio de Janeiro, em 2016, mas não competiu em Tóquio no ano passado.

É o segundo título mundial da brasileira nove anos depois da primeira conquista em 2013, no Rio de Janeiro. Rafaela Silva soma mais três pratas (2011, 2013 [equipe] e 2017 [equipe]) e dois bronzes (ambos em 2019, individual e equipe) em Campeonatos Mundiais.

A judoca foi pega no exame antidoping durante os Jogos Pan-Americanos de 2019. Rafaela testou positivo para fenoterol, uma substância presente em remédios para asma, foi notificada em setembro daquele ano e acabou condenada a dois anos de suspensão pelo tribunal da Federação Internacional de Judô (IJF), em pena aplicada em janeiro de 2020.

Quando concedeu entrevista coletiva para comentar sobre o resultado positivo para uma substância proibida, Rafaela Silva deu uma explicação pouco usual para explicar como o Fenoterol, presente em remédios para asma, entrou em seu organismo. Disse que deu o nariz para o bebê de uma colega chupar, uma "mania" que ela tem, sem saber que essa criança de sete meses havia recebido medicação minutos antes.

A tese não convenceu o painel da Federação Internacional de Judô (IJF) e ela passou a ser defendida pelo advogado Marcelo Franklin, que substitui u o advogado Bichara Neto e o bioquímico L.C. Cameron, com quem Rafaela rompeu depois de saber da suspensão. O especialista, conhecido por vitórias em casos do tipo, apresentou "novos cenários para a contaminação", o que não convenceu a corte suíça.

Com isso, a Corte Arbitral do Esporte (CAS), instância máxima da Justiça esportiva, rejeitou o recurso apresentado por Rafaela Silva e manteve a suspensão de dois anos aplicada a ela por doping. Com isso, ficou fora dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Ela ainda perdeu a medalha de bronze individual conquistada no Campeonato Mundial de 2019 e o Brasil perdeu o bronze conquistado na prova por equipes.

Rafaela voltou a lutar no dia 23 de outubro de 2021, mais de dois anos depois de sua última luta oficial. Ela deixou o Instituto Reação e foi anunciada pelo Flamengo. A luta foi contra Jéssica Pereira, do Reação, outra atleta que cumpriu suspensão por doping, para ver quem representaria o Rio de Janeiro no Campeonato Brasileiro. Venceu dois confrontos contra a rival, e ficou com a vaga.

Ela foi ouro no Mundial Militar, disputado em Paris — apesar de o regimento do programa de Alto Rendimento das Forças Armadas exigir a exclusão de atletas condenados por doping, a Marinha manteve Rafaela em seus quadros. Na final, venceu a brasileira Jéssica Lima. Na sequência, na volta ao Circuito Mundial, caiu na primeira rodada do Grand Slam de Baku, para uma atleta da casa.

Rafaela faturou o título do Campeonato Brasileiro, competição que não costuma contar com os atletas de nível olímpico e que distribui quatro vagas por categoria na seletiva que define a seleção que terá apoio da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) para rodar o circuito mundial em busca de pontos na corrida até Paris-2024.

Neste sábado (8), a brasileira venceu suas quatro lutas até a final, inclusive a semifinal com um ippon em 40 segundos. Na final contra a japonesa Funakubo, ela quase foi vencida por imobilização, mas conseguiu fugir e já perto do fim da luta conseguiu o waza-ari decisivo.