Duas rodadas do Brasileirão e já foram trocados três técnicos: dois demitidos e um rebaixado. E não foi pelas más atuações dos respectivos times na primeira rodada, mas pela deficiência técnica neste início de temporada.

Há funções que são somente do técnico: organização tática, esquema de jogo, técnicas de treinamento, escalação. Há obrigações que são apenas dos atletas: disciplina tática, intensidade, criatividade, comprometimento coletivo. E há aquelas que são de responsabilidade diretiva: contratações, formação de elenco, direcionamento das prioridades.

Quando há um coletivo unido para busca do objetivo, há uma probabilidade maior de conquistar os melhores resultados. Quando qualquer um desse tripé falha, perde-se a rota. A questão é que só um setor decide um novo caminho e – mesmo sendo ele o ponto falho – pelo que deve ser trocado ou mudado.

Demitir técnico não se corrige rota. Apenas é criado um fato novo de mudança que é efêmero se não houver ataque às causas reais do insucesso. Há bons técnicos com times fracos. Há bons times com técnico fraco. E assim podemos fazer várias combinações, mas uma cadeia forte começa com uma boa diretoria esportiva. Uma gestão de qualidade vai formar um bom time e buscar um bom técnico ou, no mínimo, ter a visão necessária de um tempo justo para os resultados aparecerem.

Demitir o técnico é “jogar para a torcida”. As organizadas de São Paulo e Corinthians pressionaram e foram atendidas. Mas o elenco será o mesmo. E os novos comandantes que se virem por resultados diferentes para sobreviverem no cargo. O círculo vicioso não muda porque quem decide não tem todo o conhecimento técnico-desportivo para fazer a combinação justa de time-elenco-técnico.

Em que setor da cadeia trabalhista você tem desempregados milionários e que também ganham sem trabalhar? Assim são os técnicos de futebol, que se protegem nos contratos longos e multas altas porque conhecem o modus-operandi dos cartolas brasileiros. E assim a roda gira, sem evoluir, com os mesmos trocando as cadeiras e mantendo o sistema vicioso e pobre até o próximo profissional ser demitido para fazer as mesmas críticas.

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