Quem é o japonês que tirou de Medina a chance de ir à final do surfe das Olimpíadas
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terça-feira, 27 de julho de 2021
JOSUÉ SEIXAS
MACEIÓ, AL (FOLHAPRESS) - Ao remar para a onda que lhe colocaria na final do primeiro torneio olímpico da história do surfe, no Japão, o japonês Kanoa Igarashi deu mais um passo na realização do sonho de seu pai Tsutomu "Tom". Ele venceu o brasileiro Gabriel Medina, favorito, por uma diferença pequena, nesta terça-feira (27): 17 a 16,76.
Igarashi já tinha o seu desenho de vida desde que seus pais descobriram a gravidez. Tom surfava no Japão e era muito fã do esporte. Por conta disso, decidiu que deveria ir à Califórnia -onde Kanoa nasceu- para que o filho pudesse surfar ondas de qualidade.
"Nós treinamos para fazer manobras assim em campeonatos. Eu senti muita pressão, mas decidi que era o momento. Foi um dos momentos mais felizes da minha carreira no surfe", disse Kanoa, após a prova.
Os japoneses chegaram aos Estados Unidos falando mal o inglês e se estabeleceram em Huntington Beach. Era difícil pagar as contas, mas o investimento em tornar Igarashi um surfista ganhou contornos de obrigação quando o menino ainda tinha três anos de idade. A pressão era tanta que ele já entrava no mar antes mesmo de ir à escola, perto das 5h.
O esforço já se concretizava quando Igarashi ganhou o primeiro troféu da vida, aos sete anos. A profissionalização veio em 2016, aos 18 anos. Ele se tornou o primeiro representante do Japão na WSL, a Liga Mundial de Surfe. Três anos depois, quando Italo Ferreira foi campeão e Medina vice, Kanoa conquistou o seu melhor resultado, um sexto lugar.
Com dupla cidadania, ele decidiu que defenderia o Japão no circuito mundial e nas Olimpíadas. Desde o começo da competição olímpica, era considerado a grande chance de medalha do país na modalidade. Uma medalha garantida na manobra decisiva contra Medina.
Foi um triunfo suado. O brasileiro começou à frente, abrindo vantagem e cadenciando o ritmo para manter a prioridade que tinha. A estratégia deu errado porque Igarashi continuou a pegar o máximo de ondas possível. Faltando sete minutos, acertou um áereo que lhe garantiu a nota de 9,33, a maior da competição até a decisão.
Derrotado pelo atleta da casa, Medina teve de se conformar em disputar o bronze.