O Brasileirão acabou. O calendário do futebol brasileiro acabou. Já poderíamos estar pensando em 2024, mas ainda não é possível, porque a entidade que cuida do futebol no país está novamente sendo contestada. Mais uma vez o comando da CBF perde legitimidade.

Por desmandos, corrupção ou falta de apoio à presidência da CBF tem sido uma vergonha para o futebol mais vencedor do planeta. Simplesmente triste como é tratada a história vencedora do nosso maior patrimônio esportivo. E não muda.

Nos últimos 11 anos passaram pela cadeira principal da entidade nove nomes. Nenhum deixou saudades. Nenhum marcou sua gestão.

Agora é a vez de Ednaldo Rodrigues colocar também seu nome na lista dos que não completam o mandato. Embora caiba recurso, após destituição do TJ-RJ, já é outro vexame.

Isso para “coroar” o pior ano da Seleção Brasileira de todos os tempos. Sem técnico, com interino, com derrotas seguidas e recordes negativos nas eliminatórias. E resultados também deprimentes nos mundiais Feminino, Sub-17 e Sub-20.

Não temos, no futebol brasileiro, um pacote forte. Temos forças isoladas que se sobressaem por iniciativas excludentes do sistema. As diferenças sempre vão existir porque são parte da competitividade, mas precisam ser menores, e esse encurtamento de distâncias tem que ser preocupação de quem comanda o futebol. Mais competitividade melhora o nível e fortalece todo um sistema.

Cuidar de tabelas, regulamentos de competições e registros é muito pouco. Uma entidade máxima precisa pensar o futebol. Precisar programar caminhos e fortalecer estruturas para que todo o sistema evolua e o resultado seja para o país. Futebol de seleção forte é quando há times fortes, competições fortes e estrutura sólida.

Gerir é mais que administrar, é pensar o sistema. Quem cuida do futebol precisa também pensar o futebol. E só quando a CBF deixar de ser interesse de poder teremos futebol forte, de verdade. Somos pentacampeões, mas não por gestões sólidas, e sim porque nossos talentos eram extraordinários. Mas não é mais assim.

Julio Oliveira é jornalista e locutor esportivo da TV Globo - A opinião do colunista não representa, necessariamente, a da Folha de Londrina