SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Abel Ferreira cobrou medidas contra a onda de violência no futebol brasileiro durante entrevista coletiva após a vitória do Palmeiras por 2 a 0 sobre o Guarani hoje (6), no Allianz Parque, pela 10ª rodada do Campeonato Paulista.

Minutos antes de ir aos microfones, o técnico português soube da briga entre torcedores do Atlético-MG e Cruzeiro. O conflito causou uma morte. No desabafo, Abel comentou sobre as cenas de guerra na partida entre Querétaro e Atlas, no México.

"Muitos episódios graves estão ocorrendo no futebol. Não podemos olhar sem que esses clubes e pessoas sejam punidos. Ministério Público... É nível social, tem que dar a cara. Hoje entrei nessa entrevista coletiva e me falaram que houve rixa no jogo, com uma morte. Quantos mais vão morrer? Os organismos do futebol e de fora precisam dar a cara, exercer os cargos, justificar o cargo. Quando não ganho, tenho responsabilidade. E espero que cada um assuma sua responsabilidade pelo bem do futebol brasileiro. CBF, estaduais, MP... Que se tomem medidas. Na Europa se acabou com os hooligans. Todos falam do melhor futebol lá, mas já foi uma miséria. Precisamos agir. Palavras são levadas com o vento. Segurança me preocupa muito", disse Abel.

"Vi imagens ontem no México. Se me falarem que acontecerá no Brasil, repensarei meu futuro com a minha família. Quem organiza precisa dar a cara e tomar medidas. Não podemos fingir que nada está acontecendo. Outros jogadores e técnicos falaram. Posso ser rival, mas respeito a vida. No futebol não vale tudo. É vida. A vida tem valor. Se vemos isso e não fazermos nada, estamos mal. Precisamos dar o exemplo. Os responsáveis e organizadores precisam ser os primeiros. CBF, estaduais, MP. Todos precisam se juntar. Ou temos que trocar por quem faça acontecer. O que estamos esperando?, completou.

Ao ser perguntado sobre enfrentar três clássicos consecutivos - São Paulo, Santos e Corinthians -, Abel Ferreira reclamou sobre o calendário do futebol brasileiro. O português voltou a falar sobre a necessidade de parar os campeonatos durante as convocações.

"Entendo que clássicos são importantes para imprensa e torcedores, enchem página de jornais, dá para fazer comédia. Para nós é igual. Sabemos da importância e do imediatismo, mas nosso foco é preparar todo jogo da mesma maneira. Jogamos para competir e ganhar. Não vamos ganhar sempre, mas vamos lutar sempre. Finalmente entendem que não temos reservas ou titulares. São 27 no elenco e todos com nossa confiança. Kuscevic, Gómez, Luan, Murilo, Veiga... Continuaremos competitivos. Vão chegar as convocações, isso sim me preocupa. Mas temos que aceitar isso. Nossos jogadores estão muito bem, com grande desempenho, e é normal que possam não estar. Isso, sim, me custa", avaliou.

"Ouvi dizer que vem alguém de fora para organizar algumas coisas. Fico triste quando não paramos quando temos convocações. Isso nos faz pensar se vale a pena investir em contratações internacionais. É o que é, infelizmente, mas eu como treinador... Na Europa há pausa, e não é justo aqui. Se temos os melhores, temos que jogar com os melhores. Nós que pagamos os salários. Espero que as pessoas se juntem e se organizem para transformar o futebol brasileiro em mais justo e competitivo. É preciso coragem", concluiu.