Caberá ao PSDB a indicação do relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que será instalada nesta quarta-feira na Câmara, para investigar o contrato entre a empresa Nike e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A presidência da CPI ficará nas mãos do PFL. Na primeira sessão, além da indicação do relator e presidente, será definida a programação dos trabalhos.
Pelo regime interno da Câmara dos Deputados, qualquer um dos 18 integrantes da CPI da Nike pode ser indicado relator ou presidente, mas um acordo entre as lideranças dos partidos majoritários definiu quem vai comandar a nova comissão. ‘‘Não houve negociação antecipada por causa do acordo já existentes entre os grandes partidos’’, afirma o deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), autor da proposta de criação da CPI.
O PSDB terá de escolher entre os deputados Léo Alcântara (CE), Paulo Feijó (RJ) e Silvio Torres (SP) quem será o provável relator. No PFL, os nomes que compõe a CPI são Ciro Nogueira (PI), Couraci Sobrinho (SP) e Jaime Martins (MG). Um deles deverá ser indicado hoje pelo partido.
Uma das preocupações da CPI, segundo Rebelo, é com a indicação de alguém ligado a clubes ou federações de futebol. ‘‘Acho que será adotado o critério de o relator e o presidente não serem ligados a nenhuma instituição’’, afirmou o deputado. Se prevalecer a vontade de Aldo Rebelo, o deputado Ciro Nogueira não poderá ser o indicado, já que é presidente do River de Teresina (PI). Os demais, aparentemente, não possuem vínculos com nenhuma instituição.
Um dos primeiros requerimentos a serem apresentados na CPI da Nike será do próprio Aldo Rebelo, que vai convocar o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, para ser o primeiro depoente.
Teixeira – Em entrevista ao Jornal do Brasil, publicada ontem o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, admitiu que mistura negócios particulares com a entidade. O exemplo disso foi a venda de um milhão de litros de leite da fazenda do dirigente para a CBF. Dono de uma fazenda em Piraí, de onde vem o leite, e outra em Volta Redonda, Ricardo Teixeira afirmou que acha normal esse tipo de negócio e que faz isso porque conhece o produto e sabe que ele é vendido por um preço abaixo do mercado.
‘‘Se eu tivesse uma empresa que explora publicidade e aí botasse à venda a camisa da Seleção Brasileira, seria complicado. Além do mais, é um negócio alto’’, exemplificou ele.
Ele também considerou normal o emprego de parentes na entidade, como o coordenador técnico Marcos Moura. Segundo Ricardo, o primo demonstrou ter capacidade para o cargo e usou como argumento o fato de o técnico Wanderley Luxemburgo ter sido o responsável pela sua volta à Seleção, já que ele tinha saído junto com Zagallo. Outro parente empregado é o secretário geral Marco Antônio, tio de Ricardo.
Teixeira defendeu a instauração da CPI do futebol, que vai investigar, dentre outras coisas, o contrato da Nike com a CBF. Ele disse que é melhor tornar tudo público para acabar com especulações sobre uma suposta irregularidade no contrato. ‘‘Qual a ilegalidade que o contrato pode ter? Ah, a CBF recebe dinheiro do exterior e troca no câmbio negro. Imagina. Isso passa pelo Banco Central. É remessa que vem por banco, que troca e repassa em real’’, disse. (Colaborou Lance/Sportpress)