Promotoria norte-americana diz que Marin recebeu US$ 6,55 milhões em propina
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quinta-feira, 14 de dezembro de 2017
Os promotores norte-americanos responsáveis pela acusação contra José Maria Marin e outros dirigentes do futebol sul-americano no "Caso Fifa" afirmaram que o ex-presidente da CBF recebeu US$ 6,55 milhões (aproximadamente R$ 21,68 milhões) em subornos no período entre 2010 e 2016.
Em sua argumentação final, a promotoria afirmou que Marin e outros dirigentes acusados no escândalo de corrupção da Fifa acumularam fortuna graças aos subornos recebidos em troca de benefícios para empresas de marketing em contratos comerciais. A defesa, por outro lado, argumentou que há poucas evidências concretas para apontá-los como culpados.
Os dirigentes "receberam dinheiro em vez de cuidar dos melhores interesses dos órgãos gestores do futebol", disse a promotora Kristin Mace no tribunal federal no Brooklyn. O paraguaios Juan Angel Napout, Marin e o peruano Manuel Burga são acusados de crime organizado, conspiração para cometer fraude e conspiração para lavagem de ativos, em um caso que abalou os alicerces da Fifa.
Em um momento durante sua apresentação, a promotoria apresentou ao júri um retrato dos acusados com os valores dos subornos que supostamente receberam entre 2010 2016: além dos US$ 6,55 para Marin para beneficiar empresas nas vendas dos direitos da Copa Libertadores, da Copa América e da Copa do Brasil, US$ 10,5 milhões (R$ 34,8 milhões) para Napout e US$ 4,4 milhões (R$ 14,6 milhões) para Burga. O mesmo valor supostamente recebido por Marin foi atribuído a Marco Polo del Nero, atual presidente da CBF, que está no Brasil e, por isso, não é julgado nos Estados Unidos.
O advogado de Napout aceitou que os procuradores dos Estados Unidos descobriram uma ampla rede de corrupção no futebol internacional, mas argumentou que apenas provaram a culpa dos executivos de marketing esportivo que testemunharam e não dos acusados. Espera-se que a defesa conclua seus argumentos nesta quinta-feira, incluindo os advogados de Marin.
Mace disse ao júri que as empresas de marketing esportivo sabiam que tinham que pagar subornos para negociar com os dirigentes de futebol. Este mecanismo sabotava uma licitação aberta e justa dos contratos comerciais que teriam beneficiado o esporte e as federações, segundo a promotoria. "Eles tiveram que pagar (subornos) para obter os contratos", disse. "E eles tinham que pagar para evitar a concorrência".
Durante o julgamento, a promotoria apresentou testemunhos de vários executivos de empresas de marketing esportivo, entre eles J. Hawilla, que se declararam culpados e concordaram em cooperar com as autoridades, gravando conversas sobre o pagamento de milhões de dólares em subornos. Documentos também foram apresentados sobre os pagamentos.