O gaúcho Carlos Eugênio Simon (Fifa), 33 anos, que apitou Londrina x Flamengo, ontem à noite, na abertura oficial da Taça Cidade de Londrina de Futebol Júnior, aponta uma saída para elevar o nível da arbitragem no País: a profissionalização da categoria. Segundo ele, é preciso que os árbitros estejam totalmente voltados para uma atividade que impõe constantes estudos. ‘‘Se você estiver completamente concentrado na atividade que exerce, é claro que terá melhores condições de evoluir e de trabalhar bem’’, afirma Simon. ‘‘Hoje, todo mundo é profissional no futebol, menos o árbitro.’’
A pretexto da atitude do carioca Jorge Travassos - havia confirmado um gol do Santos diante do Sport, mas voltou atrás quando o quarto árbitro, depois de consultar um repórter de TV, o avisou que a bola furou a rede pelo lado de fora - Simon defende a tese de que a eletrônica seria importante para se eliminar eventuais dúvidas, mas sob certas condições. ‘‘Não sou favorável a que se use sistematicamente tal sistema, que truncaria demais o espetáculo. Mas, num lance de gol, tudo bem. Já imaginaram se a gente parasse o jogo seguidamente pra conferir se houve ou não uma falta simples ou um lateral? Quanto ao gol que o Travassos anulou, ele teve a humildade de reconhecer a falha. Aliás, eu faria a mesma coisa. A humildade é uma coisa que eu admiro no bom árbitro’’, diz Simon.
Jornalista da TV Guaíba, onde comenta arbitragens de futebol, Carlos Eugênio Simon é o mais novo árbitro entre os dez do Brasil que pertencem ao quadro da Fifa. ‘‘Sem falsa modéstia, tenho duas qualidades fundamentais: aplico bem as 17 regras e mantenho a disciplina. Respeito os jogadores e me faço respeitar. Se o atleta acha que pode dar pontapé, que mude de profissão’’, sugere.
Na opinião de Simon, o principal desafio dos árbitros é a mentalidade dos dirigentes, dos torcedores e até de uma parte da imprensa que, de um modo geral, só encontram um responsável pelas derrotas. ‘‘Infelizmente, é sempre a mesma história: se o time perde, a culpa é do árbitro. Somos xingados antes, durante e depois dos jogos. O cara briga lá em casa com a mulher, vai ao estádio e descarrega tudo no juiz. É nisso que a imprensa, como formadora de opinião, poderia contribuir’’, aconselha Simon.Cesar AugustoÚltimo dos moicanosCarlos Eugênio Simon ontem em Londrina: ‘Hoje, todo mundo é profissional no futebol, menos o árbitro’Nelson Cilo