Primeiro passo
PUBLICAÇÃO
domingo, 19 de fevereiro de 2023
Júlio Oliveira
As punições anunciadas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) na última semana para combater atos discriminatórios dentro dos estádios brasileiros é um começo. As medidas formatam a preocupação da entidade com os casos seguidos e se insere como parcela importante na construção da mudança da sociedade. A CBF era muito criticada por não ter ações contra os casos de racismo, principalmente.
Ao controlar o futebol brasileiro, era imprescindível que também tivesse regras mais claras para intolerâncias e não transferisse tudo para os clubes, que sempre se abstiveram de iniciativas contra seu próprio público. A velha história “isso não é responsabilidade minha”. E não é assim. E agora vai ser. As medidas, inseridas dentro do Regulamento Geral de Competições, preveem multa, perda de mando e até de pontos.
Toda mudança requer um pouco mais de autoridade e sanções para que haja um impacto reflexivo. Esperar pela boa vontade de conscientização é pouco. Já era o momento de os clubes se envolverem na causa e recusar punições que acontecem dentro de “suas casas”. É fato que há, sim, as exceções. Mas agora a regra fica mais clara e a sociedade pode cobrar de si mesma um comportamento mais digno, sem transferir responsabilidade ou se isentar de cumprir porque não havia sanções.
Ouvi, até de alguns companheiros de profissão, que é pouco. Ora, antes não havia nada, não havia sequer a intenção de discutir os casos de racismo e intolerância por parte dos clubes. É um passo e será importante para que se cumpra, se penalize e outros pontos sejam aperfeiçoados. É um começo, mas sempre é preciso começar. Só encontrar falhas ou apontar como uma sinalização tardia, é mais um passo de quem não quer construir, e não contribuir.
Do primeiro passo virá o segundo, mais aperfeiçoado, e assim seguir modelando até que não sejam necessárias punições para que pessoas respeitem pessoas. Mas também é preciso o torcedor entender que estádio já não é, há muito tempo, lugar em que se pode tudo. Em qualquer lugar público teremos a representação da sociedade, em que há os que respeitam e os que não respeitam. O que a CBF inicia é uma participação do futebol na sociedade que ela participa, mas que não queria contribuir para algumas mudanças.

