As punições anunciadas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) na última semana para combater atos discriminatórios dentro dos estádios brasileiros é um começo. As medidas formatam a preocupação da entidade com os casos seguidos e se insere como parcela importante na construção da mudança da sociedade. A CBF era muito criticada por não ter ações contra os casos de racismo, principalmente.

Ao controlar o futebol brasileiro, era imprescindível que também tivesse regras mais claras para intolerâncias e não transferisse tudo para os clubes, que sempre se abstiveram de iniciativas contra seu próprio público. A velha história “isso não é responsabilidade minha”. E não é assim. E agora vai ser. As medidas, inseridas dentro do Regulamento Geral de Competições, preveem multa, perda de mando e até de pontos.

Toda mudança requer um pouco mais de autoridade e sanções para que haja um impacto reflexivo. Esperar pela boa vontade de conscientização é pouco. Já era o momento de os clubes se envolverem na causa e recusar punições que acontecem dentro de “suas casas”. É fato que há, sim, as exceções. Mas agora a regra fica mais clara e a sociedade pode cobrar de si mesma um comportamento mais digno, sem transferir responsabilidade ou se isentar de cumprir porque não havia sanções.

Ouvi, até de alguns companheiros de profissão, que é pouco. Ora, antes não havia nada, não havia sequer a intenção de discutir os casos de racismo e intolerância por parte dos clubes. É um passo e será importante para que se cumpra, se penalize e outros pontos sejam aperfeiçoados. É um começo, mas sempre é preciso começar. Só encontrar falhas ou apontar como uma sinalização tardia, é mais um passo de quem não quer construir, e não contribuir.

Do primeiro passo virá o segundo, mais aperfeiçoado, e assim seguir modelando até que não sejam necessárias punições para que pessoas respeitem pessoas. Mas também é preciso o torcedor entender que estádio já não é, há muito tempo, lugar em que se pode tudo. Em qualquer lugar público teremos a representação da sociedade, em que há os que respeitam e os que não respeitam. O que a CBF inicia é uma participação do futebol na sociedade que ela participa, mas que não queria contribuir para algumas mudanças.