RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) - A falta de vitórias abriu uma crise na Gávea e resultou em protestos no Ninho do Urubu, mas o técnico Rogério Ceni, por ora, permanece no comando do Flamengo. Com cada vez menos apoio e uma lupa crescente sobre seu trabalho, o comandante sobreviveu à tempestade, porém a situação é delicada.

Antecessor do ex-goleiro, Domènec Torrent viveu situação similar na Gávea e teve de conviver com a sombra da demissão a cada jogo. Com seu destino praticamente selado, o espanhol precisou apenas de um "empurrão final" para consumar uma demissão já desenhada. No seu caso, uma goleada por 4 a 0 para o Atlético-MG. Àquela altura, Dome já estava isolado e não tinha amparo suficiente para seguir.

O cenário lembra o vivido agora por Rogério. Além das eliminações na Copa do Brasil e na Libertadores, o comandante vê o seu time patinar e ficar cada vez mais longe do título do Brasileiro. Mesmo após tropeços seguidos do São Paulo, o clube rubro-negro não emplacou bons jogos, sem vencer desde o 4 a 3 contra o Bahia, no dia 20 de dezembro.

"No futebol não existe garantia. É a única garantia que eu te dou. Você precisa conquistar a garantia com resultados. Os resultados são ruins perto do que esse grupo pode. A diretoria tem direito de tomar qualquer decisão. O trabalho diário é muito bom, mas como resultados ele deixa a desejar", admitiu Ceni.

Unanimidade quando contratado, Ceni já deflagrou uma divisão mais que recorrente no clube atualmente. Mesmo que conte com alguma boa vontade do departamento de futebol, ele já enfrenta resistência entre os caciques da Gávea, o que pesa muito em caso de novo revés. Para esfriar a temperatura e acomodar as forças políticas, a saída foi pela manutenção do trabalho, mas essa data de validade depende de uma resposta rápida.

Responsável pela vice-presidência de futebol, Marcos Braz ainda crê na salvação, mas empenha parte importante do capital construído com os títulos com o "fico" de Ceni. Grande entusiasta de Dome, Braz sabe que um novo fracasso pode lhe custar créditos importantes. Cabo eleitoral importante no pleito deste ano, o dirigente sobreviveu à crise e também foi mantido.

Com o time em queda livre, a aposta pelo prosseguimento é de que elenco e comissão técnica juntem os cacos para uma reação imediata. Se o título já parece um objetivo mais improvável, uma vaga direta na Libertadores deste ano é tratada como obrigação para os antes favoritos ao caneco.

O Flamengo só volta a campo na próxima segunda-feira (18), quando encara o Goiás. Após o duelo na capital goiana, a equipe segue fora do Rio para encarar o Palmeiras, no Mané Garrincha, dia 21, e para pegar o Athletico-PR, dia 24, na Arena da Baixada. Os rubro-negros só voltam a atuar em casa no clássico diante do Vasco, em 7 de fevereiro, em jogo válido já pela 34ª rodada do Brasileiro.