Imagem ilustrativa da imagem Piloto de 83 anos busca mais um título nas 500 milhas de Londrina
| Foto: Ricardo Chicarelli

A prova 500 Milhas de Londrina, tradicional competição de longa duração que neste ano chega à 28ª edição, terá no rol de pilotos o veterano Luciano Borghesi. Aos 83 anos, ele buscará o tricampeonato na disputa nos dias 22 e 23 de novembro, no Autódromo Internacional Ayrton Senna.

Borghesi ganhou a prova em 1999, com o filho Tazzio como parceiro, e em 2000 chegou ao bi, quando teve Tazzio e o sobrinho Beto Borghesi na equipe. No dia em que recebeu a reportagem, ele já havia treinado de kart pela manhã para ver se estava bem para pilotar a prova. O desempenho na pista o deixou satisfeito. “Fiquei surpreso porque andei bem, mesmo depois de ter ficado parado por um ano por causa de uma cirurgia. No dia 14 estarei em Porto Alegre, já que a equipe é de lá, e irei treinar com o carro da prova”, conta.

Borghesi completará 84 anos no dia 18 de maio e a aposentadoria das pistas parece estar longe de ocorrer. “É um vício, a gente gosta”, destaca. Ele relata que iniciou a carreira no automobilismo aos 18 anos, quando fez a primeira prova ao dirigir um Alfa Romeo.

Nos 65 anos de atividade como piloto, foi bicampeão das 500 Milhas de Londrina, quatro vezes campeão paranaense (competindo em dupla com Tazzio ou Beto), campeão das Mil Milhas de Curitiba em 2000 e do Brasileiro de Endurance em 1986, com Beto Borghesi e Jair Bana como parceiros. Também venceu as 12 horas de Interlagos, em 1963. “O segredo é acreditar em você e ter objetivo de tocar a vida sem se preocupar com o que vai acontecer”, afirma.

O veterano diz que todas as corridas têm o seu charme, mas relembra que a prova das mil milhas, conquistada em Curitiba, foi uma disputa internacional em que a importadora da Porsche tinha até uma propaganda pré-elaborada. “Mas ficaram em segundo lugar. Cometeram mais erros do que a gente”, afirma.

NOVA EQUIPE

Para a disputa em Londrina, o veterano Luciano Borghesi terá como parceiros Mário Marcondes, que foi vice-campeão do Rally dos Sertões neste ano, e o piloto paulista Cláudio Leoni, com quem já venceu outras provas. Mesmo assim, ele lembra que ninguém ganha de véspera. “Não é bem assim ser favorito. Não adianta falar antes. Tem uma série de fatores que pode acontecer, mas sempre que entro em uma pista é para ganhar."

Ele espera enfrentar equipes com protótipos importados, de marcas como Ferrari, Mercedes, Porsche ou Lamborghini. "São carros com 600 a 700 cavalos. Nós andamos com motor de 300 cavalos”, aponta. Mesmo assim, relembra de uma disputa que venceu em que o principal oponente possuía um motor rotativo Wankel, de 500 cavalos, mas que acabou cometendo erros e perdeu a prova.

A organização das 500 Milhas de Londrina é de Beto Borghesi, Daniel Procópio e Aloysio Moreira, com supervisão da FPrA (Federação Paranaense de Automobilismo). As inscrições estão abertas e podem ser feitas com Beto Borghesi, pelo número de WhatsApp (43) 9 9938-0326. A reserva de boxes será pela ordem de inscrição.

A expectativa dos organizadores é que 30 equipes com dois ou três pilotos participem, vindas de Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. No mesmo dia também serão disputadas provas preliminares de Fórmula 1.600, Speed Fusca e Turismo (200 Milhas).

Família tem velocidade nas veias

A família do veterano Luciano Borghesi sempre esteve ligada ao automobilismo. O filho Tazzio, com quem já correu algumas vezes, foi três vezes campeão paranaense e vice brasileiro na época em que competia contra ninguém menos que Ayrton Senna. “No último ano em que o Senna foi campeão brasileiro de kart, o Tazzio foi vice. Parei de competir um tempo para me dedicar ao Tazzio e ficava andando junto a ele pelo Brasil inteiro”, ressalta Luciano.

Tazzio não compete desde 2012, quando sofreu um acidente grave que atingiu a coluna e a deixou comprometida. “Fico lisonjeado do meu pai ser essa pessoa com essa vontade na faixa etária que está, quando muitos estão aposentados”, destaca.

O filho destaca que o ponto forte do pai é a regularidade. “Tudo o que aprendi sobre essa parte competitiva foi dele. Ele foi meu mecânico, me treinou e foi meu ‘paitrocinador’”, aponta.

Segundo Tazzio, o pai ganha as provas porque entende bem as condições que enfrenta. “Ele faz isso sem forçar freio e sem forçar o motor. Se ele largar na prova sem cometer erro, sem furar pneu e não bater, tem grandes chances de fazer uma boa corrida. Tem gente que anda rápido demais, mas o carro não suporta toda a prova”, destaca. (V.O.)