Rio de Janeiro e São Paulo - O ministro da Justiça, Flávio Dino, determinou ontem (10) que a Polícia Federal investigue as denúncias de manipulação de jogos no país, deflagrada pela operação Penalidade Máxima. Os documentos das duas fases da operação, desencadeada pelo MP-GO (Ministério Público de Goiás), mostram que 53 jogadores brasileiros estão citados de alguma forma até o momento na investigação que apura manipulação de partidas no futebol.

Esse número atingido por ora envolve jogadores denunciados, que fizeram acordo e viraram testemunhas ou foram citados durante conversas entre os investigados no caso. No material ao qual o UOL teve acesso, há prints de WhatsApp, áudios e planilhas. As interceptações das conversas tiveram aval da Justiça.

São 15 jogadores denunciados e que já viraram réus na Justiça de Goiás. Quatro deles fizeram acordo com o Ministério Público e se tornaram testemunhas no caso. Outros 34 jogadores aparecem nominalmente em conversas entre os envolvidos no esquema, como os apostadores e intermediários. No processo não há confirmação da participação desses jogadores no esquema, por isso a reportagem não publica seus nomes. A exceção são os atletas que foram afastados pelos respectivos clubes. Não há jogadores presos até o momento. Mas vários foram afastados dos seus clubes ou tiveram contratos rescindidos.

DENUNCIADOS

Jogadores denunciados na primeira fase da operação: Ygor Catatau, Allan Godói, André Queixo, Mateusinho, Paulo Sergio (Sampaio Corrêa), Gabriel Domingos (Vila Nova), Joseph (Tombense) e Romário (Vila Nova). Na segunda fase: Eduardo Bauermann (Santos), Gabriel Tota (Juventude), Paulo Miranda (Juventude), Victor Ramos (ex-Portuguesa e ultimamente na Chapecoense), Igor Cariús (ex-Cuiabá), Fernando Neto (ex-Operário-PR).

Os jogadores que fizeram acordo, admitiram a culpa e viraram testemunhas são Moraes (Juventude), Kevin Lomónaco (Red Bull Bragantino), Nikolas Farias (Novo Hamburgo) e Jarro Pedroso (ex-Inter de Santa Maria).

Já os que não foram denunciados, mas aparecem em conversas ou planilhas e foram afastados pelos clubes são: Pedrinho e Bryan Garcia (Athletico), Alef Manga e Jesús Trindade (Coritiba), Richard (Cruzeiro, ex-Ceará), Vitor Mendes (Fluminense, ex-Juventude) e Nino Paraíba (América-MG).

O processo contra os denunciados corre na Justiça de Goiás. Três operadores do esquema de apostas tiveram prisão preventiva prorrogada, inclusive Bruno Lopez, tratado como líder da organização criminosa.

O QUE DIZ A CBF

A paralisação do Campeonato Brasileiro está descartada pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) por enquanto. O temor é que a Operação Penalidade Máxima envolva cada vez mais jogadores e, mais grave do que isso, chegue a árbitros. A interpretação da confederação, segundo dirigentes ouvidos pela reportagem, é que a interrupção do torneio não é necessária porque as denúncias se referem apenas a partidas da competição nas séries A e B da temporada passada. Isso poderia mudar caso apareçam casos do Brasileiro de 2023 ou se juízes comecem a ser envolvidos. Isso não aconteceu.

(Por Adriano Wilkson, Igor Siqueira, Eder Traskini, Lucas Musetti Perazolli, Diego Garcia e Thiago Arantes/Folhapress)