Petrúcio Ferreira viveu um turbilhão de emoções antes da final dos 100 m classe T47 (atletas amputados) das Paralimpíada de Tóquio-2020. Favorito ao ouro da prova, o brasileiro tinha feito apenas o terceiro tempo nas eliminatórias, atrás de outro brasileiro, Washington Júnior, e do polonês Michal Derus.

Petrúcio Ferreira, 22, conquistou o ouro e bateu o recorde dos Jogos Paralímpicos.
Petrúcio Ferreira, 22, conquistou o ouro e bateu o recorde dos Jogos Paralímpicos. | Foto: Ale Cabral/CPB/Fotos Públicas

Por conta disso, houve uma discussão com o treinador Pedro de Almeida Pereira, que o acompanha desde 2014. Na final, porém, o brasileiro fez o que se esperava dele: venceu em 10s53, novo recorde dos Jogos Paralímpicos. A prata ficou com Derus (10s61) e o bronze foi para Washington (10s68).

Lucas de Sousa Lima, o outro brasileiro na prova, ficou em sexto lugar, com o tempo de 11s14.

"Foi um momento difícil [depois das eliminatórias]. Acabei tendo uma pequena DR com o meu treinador e peço muita desculpa a ele. É um cara fenomenal para mim, um pai", contou Petrúcio, em entrevista ao SporTV.

"Nesse momento, olhei para ele e perguntei: 'Você confia em mim da forma que eu confio em você?' Ele falou: 'Confio, Petrúcio. Não confio 100%. Confio 200% no que você vai fazer aqui'. Usei a cabeça, professor. Obrigado, Brasil", acrescentou.

Petrúcio ganhou ouro nos 100 m e 200 m classe T47 no Parapan-Americano de Toronto-2015, aos 18 anos. No ano seguinte, tornou-se o homem mais rápido do mundo em sua categoria nas Paralimpíada do Rio. Também subiu ao pódio para receber a prata nos 400 m e no revezamento 4 x 100 m.

Foi no Rio de Janeiro que Petrúcio bateu os recordes mundial e olímpico da prova mais nobre do atletismo, ao percorrer os 100 m em 10s57. No Mundial de Londres-2017, venceu os 100 m, com novo recorde (10s53), e os 200 m. No ano seguinte, novamente melhorou sua marca:10s50.

Ele superou o recorde de Jason Smyth na semifinal do Mundial de Dubai, em 2019, quando cravou 10s42, atual recorde mundial da prova. Na final, venceu em 10s44.

Outro medalhista de ouro, Wallace Santos, do arremesso de peso F55, teve que lidar recentemente com as mortes da primeira treinadora - com quem trabalhou por muitos anos - e do tio, de quem era muito próximo.

Por último, João Victor Teixeira, também do arremesso de peso mas na classe F37, saiu com o bronze. (Com Agência Brasil)