preto que deixava à mostra a discreta tatuagem no ombro - apontou o desgaste como o motivo que a fez antecipar a saída das quadras antes do fim de seu contrato com o BCN Osasco, em junho. "Vinha relutando desde o Paulista", disse. "Tinha essa idéia na cabeça, sentindo que era o momento de deixar as quadras", explicou, com os olhos marejados. "Estou cansada... são 27 anos nessa vida louca...foi algo natural, do coração, e quando as coisas saem do coração tudo fica mais fácil." Paula, que jogou 23 anos na seleção brasileira, disse que estava cansada, sem paciência com muitas coisas que fazem parte do cotidiano do basquete. "Sabe quando você pensa: já vi esse filme?." Mas assegurou que não tem ressentimento do esporte, sai deixando amigos e muito orgulhosa por, ao lado de Hortência, ter contribuído para popularizar o basquete e transformar o esporte de amador em profissional. "Costumo dizer que nós amassamos o pão, viajando de kombi, 10 ou 12 meninas no mesmo quarto, dormindo em alojamentos debaixo de arquibancadas para essa geração colher frutos", disse. "É uma evolução natural das coisas, fico feliz e acho que ainda tenho muito a dar ao esporte." Filho e futuro - A jogadora, que completa 38 anos no dia 11, deu adeus às quadras dizendo que deseja ter tempo para os projetos pessoais, como o de ser mãe - não disse quando, mas deixou claro que não pretende esperar muito. Quer, também, dedicar-se a projetos ligados ao basquete - "depois de descansar um pouco" -, um sonho para quem já visitou mais de 35 países e só conheceu o ginásio e o hotel. "Já acordei à noite sem saber onde estava, para que lado era o banheiro." Paula tem desfilado de mãos dadas com o administrador de empresas Francisco Bigotti, o Kiko, de 29 anos, a quem conheceu há seis anos, por meio de amigos. Muito sem graça ao ser descoberto pela imprensa na coletiva, Kiko não quis ser fotografado ao lado de Paula nem confirmou há quanto tempo namoram. "Conheço a Paula jogadora desde que nasci", disse Kiko, que estudou no Colégio Divino Salvador, em Jundiaí, onde a armadora começou a jogar. Paula disse que não se preocupa com beleza, mas gostaria de ter um filho de "índole maravilhosa, caráter e astral bons". Não confirmou se Kiko é candidato a pai. "Por enquanto, ele vem preenchendo os requisitos", disse, mudando de assunto. Também tem projetos no esporte. "Quero ajudar o basquete brasileiro a reestruturar-se", afirmou. Está trabalhando em um projeto social para o desenvolvimento de crianças e do basquete no interior - citou as cidades de Piracicaba, Campinas e Jundiaí como focos de seu interesse para receber centros de formação.Por Heleni Felippe São Paulo, 15 (AE) - O basquete feminino brasileiro não terá mais a magia de Paula. Aos 37 anos - 27 deles jogando -, dona de um título de campeã mundial e de uma medalha de prata olímpica, Maria Paula Gonçalves da Silva, a Magic Paula das quadras, oficializou hoje, em São Paulo, sua decisão de deixar o basquete. No lugar da jogadora, vai entrar em cena a mulher, que sonha em ter um filho, e a entusiasta do esporte, que já pensa em projetos sociais para ajudar a formar jogadores e popularizar o basquete. No auditório montado na sede do BCN, Paula - vestindo um vestido