Agência Estado
De São Paulo
A carreira do meia Rivaldo (foto) é um caso a ser estudado pelos economistas. A valorização do seu passe, em oito anos, supera qualquer papel negociado na Bolsa de Valores de São Paulo e até mesmo o famigerado dólar. Quando deixou o Santa Cruz para jogar no Mogi Mirim, em 1991, seu passe custou US$ 10 mil. Hoje, o Barcelona não se desfaz do futebol do craque por menos de US$ 50 milhões. A valorização foi de 500.000%. Para se ter uma idéia, as ações da Distribuidora Ipiranga, entre as mais rentáveis na Bovespa, subiu ‘‘apenas’’ 4.000% no mesmo período. E o dólar teve valorização de 281%.
Desde que deixou o Santa Cruz, o meia-atacante já acumulou US$ 6,2 milhões recebidos apenas em porcentagens de transferências. Não fosse pela multa de rescisão do contrato com o clube catalão – US$ 93 milhões –, o craque teria embolsado mais US$ 7,5 milhões, na compra, frustrada, do seu passe pelo inglês Manchester United.
Suas aspirações financeiras não atrapalham o desempenho dentro de campo. Depois de três gols na vitória do Brasil sobre a Argentina por 4 a 2, o craque marcou dois no triunfo do Barcelona sobre o Espanyol por 3 a 0. Hoje, contra o AIK Solna de Estocolmo, pela Copa dos Campeões, fica a expectativa de novo show.
Em 1992, ele se destacou na Copa São Paulo pelo Santa Cruz, profissionalizou-se e teve o passe vendido ao Mogi Mirim. Rivaldo fez 11 gols no Campeonato Paulista e teve o passe emprestado ao Corinthians por US$ 250 mil, sem preço fixado. Ao fim do prazo, o Alvinegro obteve novo empréstimo, por US$ 300 mil, com o passe fixado em US$ 4,5 milhões. De acordo com o contrato, se o jogador fosse transferido para o exterior, o Corinthians teria direito a 10% do valor. Por isso, o passe passou a valer US$ 5,5 milhões. Por causa do alto valor, o PSV Eindhoven e o Verdy Kawasaki desistiram de contratá-lo.
Em 1994, a Parmalat pagou US$ 2,4 milhões pelo passe do atleta, que recebeu US$ 360 mil pela transferência para o Palmeiras. Dois anos depois, para tirar o craque do Brasil, o Deportivo La Coruña pagou US$ 9 milhões. Rivaldo levou US$ 1,4 milhão.
Para evitar o assédio dos clubes, os espanhóis estipularam uma multa de rescisão contratual de US$ 40 milhões. Só que, em 1997, o Barcelona topou rescindir o contrato, pagou mais US$ 29,6 milhões pelo passe e levou o craque, que, nessa transferência, embolsou US$ 4,4 milhões.
Em agosto, na tentativa de levá-lo para a Inglaterra, o Manchester ofereceu US$ 50 milhões. Mas os ingleses acharam que era demais pagar a multa de rescisão.