Vencer e perder é parte do esporte. O futebol ainda permite o empate, menos em finais. Se o resultado é consequência do trabalho, chegar a uma decisão continental mostra que há, sim, um caminho positivo construído para isso. O resultado dessa decisão é outro ponto.

O Fortaleza já fez história ao chegar à final da Copa Sul-Americana. Em uma década o time se consolidou como uma das principais forças do Nordeste. Uma trajetória de ascensão equilibrada em conquistas e de uma administração elogiada por todos. Não é fácil fazer um time fora do eixo RJ-SP ser protagonista, e se manter assim. O Fortaleza conseguiu.

Não há como se tornar um time grande no Brasil. Este espaço já é de Flamengo, Corinthians, Grêmio, Vasco, Fluminense, Inter e alguns outros. Mas há como frequentar este clube seleto de equipes tradicionais. E essa foi a diferença do Fortaleza: entender seu espaço, sua posição e se equilibrar para enfrentar os grandes, sem querer ser grande.

O time cearense não caiu no deslumbre de contratações caras para se manter na elite. Não fez investimentos desproporcionais por estar na primeira divisão. Não caiu no conto de “técnicos milagrosos”, que custam fortunas. O Fortaleza foi gerido sem paixões ilusórias. Regras simples e claras, que também o moldaram perante outros clubes, gerando respeito. E a torcida entendeu.

Dois pontos, bem simples, mostram como um time se perde em um planejamento: contratação de jogador e técnico. Se as contratações forem aleatórias, a conta vai ficar alta, mas se estiverem dentro de um perfil claro do clube, a probabilidade de acerto é muito maior.

Rogério Ceni dirigiu o time em 153 jogos. Juan Pablo Vojvoda já está à frente da equipe há mais de dois anos, em 188 jogos. Não à toa os resultados chegam.

A memória mais recente do torcedor do “Laion” ainda é a derrota para a LDU.

O título inédito, para todo o Nordeste, não veio. Mas há de se orgulhar pelo caminho trilhado e a certeza de que está mais fácil chegar a ser protagonista com freqüência, porque o Tricolor do Pici tem feito melhor do que muitos clubes grandes desse nosso futebol.

Julio Oliveira é jornalista e locutor esportivo da TV Globo - A opinião do colunista não representa, necessariamente, a da Folha de Londrina