Um torneio esportivo tem por base criar competitividade, integração de escolas ou algum fomento que favoreça entidades ou regiões, promover aquela modalidade ou, simplesmente, criar entretenimento num determinado período. O Mundial de Clubes da FIFA está tão inócuo que é difícil entender em qual definição ele se enquadra.

Quanto à competitividade, já deixou de ser uma atração. Há um desnível brutal entre as equipes, sendo que as principais só entram nas semifinais e dificilmente há surpresas quanto aos campeões, já que por mais que haja zebras, ao menos um dos favoritos conquista o título. Essa diferença técnica não ajuda nada em intercâmbio pela distância qualitativa das equipes. O Auckland City, da Nova Zelândia, é o maior participante desde que o torneio é organizado pela FIFA. Esteve presente em 10 edições, mas só avançou às quartas de final em duas oportunidades. Continua sendo uma equipe semi-profissional.

O nível desequilibrado não promove o futebol. O mundo não se anima para ver jogos fracos. E o esporte perde força tendo uma chancela de Mundial sem apresentar atrativos convincentes. Sobra o entretenimento, como opção para regiões que não têm times do primeiro escalão mundial do futebol e acabam se rendendo a lotar estádios para ver estrelas que só atuam em campos distantes.

As equipes sul-americanas dão mais atenção à competição, mas não vencem há nove edições. Os europeus, que não consideram o torneio como primeiro escalão, acumulam títulos no passado recente e sem avistar adversários reais por longo tempo. A diferença econômica de investimentos, aliada às praças competitivas, aumentou muito essa distância entre os times ao redor do mundo. Há regiões que têm poder econômico relevante, mas não têm ligas atrativas e só conseguem levar jogadores de expressão já no final de carreira.

O Flamengo, que viajou seis dias antes da estreia, entra em campo amanhã pela semifinal mantendo o sonho de repetir 1981. Se conseguir será o segundo título. O Real Madrid, que venceu quatro dos últimos oito torneios, só chega esta segunda ao Marrocos, dois dias antes da primeira partida, porque não quis abrir mão de jogar ontem com força máxima pelo campeonato nacional. Planejamento que mostra as prioridades de cada um e quanto vale o Mundial de Clubes.

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