A pandemia do coronavírus atingiu em cheio o futebol brasileiro. Clubes, jogadores, profissionais e federações foram seriamente afetados com a suspensão dos jogos e competições. No entanto, a crise é maior e muito mais grave quando se olha para os pequenos clubes e para aqueles com calendário reduzido.

Sem previsão para entrarem em campo, os times da Divisão de Acesso do Campeonato Paranaense sofrem com a falta de recursos, a dispensa de jogadores e a incerteza se haverá condições de se manterem em atividade quando a pandemia passar.

A Divisão de Acesso estava agendada para começar no dia 5 de abril, com a participação de dez clubes. "Estamos preparados para voltar, mas não acredito que a decisão de realizar a competição seja a mais viável. Além da questão financeira, haverá muitas restrições em relação a deslocamento, hospedagem e alimentação. Acredito que em caso de acontecer o campeonato não será bom", afirmou o diretor financeiro do Rolândia Esporte Clube, Hebert Issao.

Entre os atletas que começaram a preparação, o REC manteve apenas os que já tinham os contratos registrados. São nove jogadores e a comissão técnica, encabeçada pelo técnico Milton do Ó.

O rival local, o Nacional, vive uma situação distinta dos demais participantes. Como tem vaga na Série D do Brasileiro, o clube recebeu uma ajuda financeira de R$ 120 mil da CBF. Este é o único recurso que entrou nos cofres do clube nos últimos três meses. "É com este dinheiro que estamos pagando as contas", revelou o presidente do NAC, José Danilson de Oliveira.

Nacional tem 13 jogadores sob contrato e fez algumas negociações para a redução de salários dos atletas que mais recebiam. "O mais complicado de tudo é que não temos nenhuma previsão nem do início da Divisão de Acesso e nem da Série D".

TESTE

A expectativa dos clubes da segundona paranaense é para a volta da primeira divisão, o que poderia servir de teste quanto aos protocolos a serem seguidos nas demais competições do Estado. A previsão mais otimista é que a Divisão de Acesso poderia começar em setembro. Mas a Federação Paranaense ainda não tem uma data para o começo do torneio.

O Apucarana Sports mantém só quatro jogadores com contratos vigentes, além do técnico Bruno Simon e demais integrantes da comissão técnica. "Os demais atletas ainda não havíamos registrado os contratos antes da pandemia e por isso foram liberados. Com os profissionais que têm vínculo com o clube fizemos um acordo e repassamos, como ajuda de custo, meio salário mínimo neste período até termos uma previsão sobre o início ou não da competição", frisou o diretor Airton Júnior. "A nossa receita caiu para zero e estamos buscando alguns parceiros para mantermos o projeto".

CORTES

Ex-ídolo do Coritiba, Pachequinho deixou o comando do Maringá
Ex-ídolo do Coritiba, Pachequinho deixou o comando do Maringá | Foto: Rodrigo Araújo/MFC

Apontado como o grande time da Divisão de Acesso, o Maringá comunicou nos últimos dias a saída do técnico Pachequinho e do diretor de futebol Augusto Moura, como consequência do agravamento da crise econômica causada pelo coronavírus.

A partir de abril, o clube adotou a medida provisória 936 e suspendeu o contrato de trabalho de todos os colaboradores por 60 dias. O prazo, no entanto, venceu no início de junho e como as receitas praticamente zeraram o Maringá aptou pela saída de alguns profissionais.

Segundo o diretor administrativo do MFC, Clério Junior, o planejamento inicial para a temporada foi completamente afetado “Estávamos com um planejamento redondo em 2020, com uma grande expectativa, e sabemos que essa crise causada pelo coronavírus afetou muitas empresas, inclusive o Maringá. Outra grande dificuldade no momento é a incerteza em relação ao calendário".

As demais equipes inscritas na Divisão de Acesso são o São José, Araucária, Azuriz, Batel, Andraus e Prudentópolis.