SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após o empate sem gols no jogo de ida, na última quarta-feira (5), Palmeiras e Corinthians decidem neste sábado (8), às 16h30, no Allianz Parque, quem será o campeão paulista de 2020. A Globo transmite.

Para o clube alviverde, é a oportunidade de encerrar o jejum no Estadual, torneio que não vence desde 2008. Já para o time do Parque São Jorge, o título marcaria a conquista de um tetracampeonato inédito no futebol do estado na era do profissionalismo.

Contudo, apesar do fator histórico e do próprio peso que o clássico centenário carrega, a final deste sábado na casa palmeirense, sem público, marcará o fim de um campeonato em sua maior parte melancólico e que dará motivos de celebração praticamente apenas ao campeão.

Enquanto o país se aproxima da marca de 100 mil mortos pela Covid-19, o estado de São Paulo registrou 24.448 mortes até esta quinta-feira (6).

Atrapalhada pela pandemia do novo coronavírus, a competição ficou interrompida por mais de quatro meses e mexeu com toda a estrutura dos clubes paulistas, especialmente os pequenos, obrigados a reformular seus elencos e mudar todo o planejamento para a temporada.

A qualidade do futebol apresentado em campo, mesmo entre os grandes, também não serviu para diminuir a sensação de tristeza, em um campeonato que não pôde receber torcedores nos estádios a partir da retomada.

O Corinthians, pressionado antes da parada diante da possibilidade de eliminação ainda na fase de grupos, mostrou evolução, mas precisou contar com a colaboração dos goleiros adversários para se classificar ao mata-mata e avançar até a decisão, principalmente nas quartas de final e nas semis, contra Red Bull Bragantino e Mirassol, respectivamente.

Seu rival, o Palmeiras, tinha situação muito mais tranquila até março, mas perdeu Dudu em meio à paralisação do Estadual e ainda tenta encontrar seu melhor futebol sob o comando de Vanderlei Luxemburgo, cobrado pelos torcedores para que o time entregue melhor rendimento.

Os próprios clássicos, que poderiam dar ao Campeonato Paulista algum alento mesmo com a ausência de público, se mostraram pouco atraentes. O duelo deste sábado será o terceiro dérbi em três semanas, todos sem torcida.

No primeiro jogo, ainda na fase de grupos, o Corinthians venceu em Itaquera por 1 a 0, gol do zagueiro Gil, em cabeceio que o goleiro Weverton não conseguiu parar. Classificados para a final, voltaram a se enfrentar na última quarta-feira, na partida de ida da decisão.

Nos bastidores, o dérbi ficou marcado pela confusão entre as diretorias dos dois clubes. O Palmeiras acusou o Corinthians de não realizar os testes de Covid-19 prévios à primeira partida. Já os dirigentes alvinegros apontaram o dedo para os palmeirenses, que não seguiram a recomendação do protocolo da Federação Paulista e liberaram seus jogadores da concentração após os jogos.

A FPF conseguiu estabelecer um acordo com corintianos e palmeirenses para que realizassem os testes antes do jogo deste sábado.

Além da questão sanitária, a arbitragem também passou a fazer parte da pauta do clássico. Assessor técnico do Palmeiras, o ex-zagueiro Edu Dracena pediu que o campeonato fosse decidido no campo e não por erros de arbitragem.

A pressão de Dracena remete à lembrança palmeirense com o que ocorreu na final do Campeonato Paulista de 2018, quando o árbitro Marcelo Aparecido de Souza marcou uma penalidade em Dudu, mas voltou atrás e mudou a marcação. O clube acusou o profissional de ter revisto o lance após interferência externa. O Corinthians se sagrou campeão.

Na última quinta, torcedores alviverdes foram até a porta da sede da Federação Paulista de Futebol protestar contra a fórmula de escolha da arbitragem para a decisão. A FPF determinou o trio que trabalhará no clássico por decisão da comissão de arbitragem, e não por sorteio, como pediram os palmeirenses. Luiz Flávio de Oliveira apita o duelo deste sábado.

Todo o clima construído fora de campo reservou ao primeiro jogo da final deste ano a esperança de que a produção dentro das quatro linhas pudesse minimizar o ambiente de conflito das diretorias e a própria letargia do campeonato. Não foi assim.

Em partida truncada, com poucas chances de gol e relegada ao combate pela bola no meio de campo, as equipes não saíram do 0 a 0. Agora, as esperanças de ambos os lados, e daqueles que simplesmente desejam ver um bom jogo de futebol, estão postas nos 90 minutos finais da decisão.

Para o confronto de volta, Vanderlei Luxemburgo espera pelo aval do corpo médico do clube para escalar Felipe Melo, que perdeu o jogo de Itaquera por uma lesão na coxa esquerda. O volante de 37 anos vem atuando como zagueiro com Luxemburgo e, se tiver condições de jogo, deverá substituir Luan, fazendo dupla com Gustavo Gómez.

Já no Corinthians, o técnico Tiago Nunes ganhou uma boa notícia no duelo de ida: a volta do volante colombiano Víctor Cantillo, 26, que havia sido infectado com a Covid-19 e não tinha entrado em campo desde a retomada do Paulista.

Com o empate sem gols na quarta, nova igualdade no placar levará a partida para a decisão por pênaltis. Vitória por qualquer diferença de gols dará ao vencedor o título estadual.

PALMEIRAS

Weverton; Marcos Rocha, Luan (Felipe Melo), Gómez e Viña; Patrick de Paula, Ramires e Gabriel Menino; Zé Rafael, Rony e Luiz Adriano. T.: Vanderlei Luxemburgo

CORINTHIANS

Cássio; Fagner, Gil, Danilo Avelar e Carlos Augusto; Gabriel e Éderson (Cantillo); Ramiro, Luan e Mateus Vital; Jô. T.: Tiago Nunes

Estádio: Allianz Parque, em São Paulo (SP)

Horário: 16h30 deste sábado (8)

Árbitro: Luiz Flávio de Oliveira

Transmissão: Globo (exceto BA e RJ), SporTV e Premiere