Eu nasci em Londrina. Sou da terra vermelha, das ruas sem asfalto e do pé no barro para chegar à escola. Sou do tempo do “conga” e “kichute” para fazer educação física e do tempo do Londrina no VGD. Sou do tempo que não tinha torcida organizada e o presidente do clube era alguém que amava a cidade e todos conheciam. Sim, sou de um tempo que não existe mais, exceto amor e respeito às instituições. E o LEC é uma instituição.

As instituições são patrimônio de uma cidade, de uma região, de um povo e são eternas porque constituíram história própria que nunca será apagada e jamais será menor do que qualquer um que tenha feito parte dela. Todos passam, ao longo do tempo, contribuindo para essa história com suas relevantes contribuições, mas sem ser maiores que o clube. Ao final (se é que se pode haver um final) haverá sempre a história da instituição e as histórias de cada um nesta parceria.

E pra não ficar só no futebol, sou do tempo do handebol, em que Londrina era referência no estado e teve jogadores na Seleção Brasileira. Sou do tempo em que tivemos um time competindo em Liga Nacional e sendo campeão desafiando as grandes forças de São Paulo, lotando o Moringão em várias oportunidades. Sou do tempo do Futebol de Salão, de Cacique, Bussadori e tantos outros times que possibilitaram que a cidade seguisse a tradição e também chegasse a ter time na Liga Nacional.

Sou do tempo do basquete de Brandão, do Canadá e do Londrina Basquete desafiando os times de Oscar em jogos históricos, também no Moringão. Sou do tempo das pessoas que amavam a cidade e o esporte antes de amarem negócios e vaidades. Sim, o tempo e as pessoas mudam.

Mas como explicar que Cascavel, Foz, Beltrão, Umuarama e Marechal Cândido Rondon mantêm times e competitividade no Futsal nacional? E Pato Branco disputando o NBB? Isso é organização e seriedade. É planejamento e envolvimento de uma cidade e região para que algo maior seja atingido, muito além de vaidades e interesses contestáveis.

Nestas três últimas décadas perdemos o futsal, o voleibol, o handebol e o basquete, para ficar só nos esportes coletivos. E o futebol está neste mesmo caminho…

Na última sexta-feira minha escala apontou para transmissão de Vila Nova x Londrina. O tempo já nos ensinou separar o trabalho do coração, mas ainda não ensinou a responder algumas perguntas. E a que mais ouvi na última semana nos corredores do Sportv, era: o que aconteceu com o Londrina?

Julio Oliveira é jornalista e locutor esportivo da TV Globo - A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina