O futebol brasileiro está ficando abalado com algo que o resto do mundo já se assustou e está atento há mais tempo: as apostas. Por aqui fechamos os olhos com aquilo que, em várias partes do mundo, cresceu assustadoramente e, principalmente, em pequenas ligas. Campeonatos menos expressivos se tornaram até mais procurados por apostadores.

Imagem ilustrativa da imagem O jogo e a aposta

O jogo e a aposta
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Controlar qualquer tipo de aposta sempre foi desafio para governos e entidades. A regulamentação se tornou um caminho de administração, mais procurando melhorar receitas fiscais do que legislar diretamente.

Qualquer que seja a tese de defesa de quem concorda ou discorda, vamos esbarrar num único ponto: a ética. O aspecto moral de cada pessoa é que vai delinear o caminho do permitido ou não. A ética é de foro íntimo, individual, sem fiscalização. Apenas por decisão própria. A pluralidade de uma sociedade permite que isso fuja do controle quando ainda somos eternamente sociedade em formação.

Talvez a grande diferença dos dias atuais seja uma fiscalização moral maior diante de intolerâncias comportamentais e ações mais rápidas. Mesmo assim, tudo passa pela falta de escrúpulos de uma parte gananciosa e aproveitadora que conta, claro, com uma ponta também aproveitadora que aceita. Corrompedores e corrompidos se encontram para fraudar o sistema.

Aos clubes cabe o papel fiscalizador de seu maior patrimônio: o jogador. O atleta é o alvo, é o que pode facilitar e delimitar qualquer fraude, é a grande balança neste momento de moralização de um meio que pode ser lucrativo para todos se conduzido apenas legalmente.

Já temos jogadores afastados e com contratos rescindidos. O aviso já foi dado. O futebol precisa ser maior do que interesses minoritários. A aposta é justa, mas precisa ser limpa.

Julio Oliveira é jornalista e locutor esportivo da TV Globo - A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina