Uma ex-atleta vai comandar o Ministério do Esporte no novo governo. Ana Moser, que disputou três Olimpíadas, aceitou o convite e tem o desafio de criar um verdadeiro projeto para o esporte brasileiro, da base ao alto rendimento.

O Estado nunca teve um papel protagonista para cuidar do esporte. Projetos isolados ao longo das últimas décadas foram perdendo força por falta de continuidade ou maior investimento. A formação é a base de tudo e o fim da obrigatoriedade da Educação Física nas escolas quebrou um caminho na formação de atletas junto com a possibilidade de pessoas mais carentes conseguirem ter uma carreira esportiva. Foi na base escolar que também surgiram muitos campeões, pela facilidade de poder jogar e criar um canal com clubes. Com esta ponte escola-clube deixando de existir, ficou mais difícil para jovens de classes sociais mais baixas conquistarem a oportunidade de uma carreira no esporte de alto rendimento.

Quando o Estado sai dessa “linha de produção”, deixa também de executar uma função exclusivamente dele, que é a participação na melhora das condições de vida nas camadas mais necessitadas tendo o esporte como meio. Neste contraponto, é fácil entender porque tantos projetos sociais de recuperação de jovens em comunidades têm o esporte como resgate. E, num primeiro discurso, este será o foco da ex-jogadora de vôlei.

Muitas modalidades de alto rendimento carecem de apoio e estrutura. Muitos atletas poderiam ser protagonistas no mundo representando o país se tivessem mais condições de treinamento. Em todas as camadas, há falhas porque o Brasil não tem um projeto claro, definido, que englobe desde a formação até um atleta olímpico. Talvez, mais do que resultados num curto espaço de tempo, seja o maior desafio do novo Ministério.

Torçamos por Ana Moser, para que sua vida de Ministra seja o grande ponto da sua carreira.

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