O futebol brasileiro emburreceu?
A formação não prioriza mais talentos, mas sim formatar atletas que sejam competitivos comercialmente
PUBLICAÇÃO
domingo, 08 de setembro de 2024
A formação não prioriza mais talentos, mas sim formatar atletas que sejam competitivos comercialmente
Julio Oliveira
A Seleção Brasileira de futebol quando entra em campo e não proporciona mais aquele prazer em assistir. Não há encanto, não há novidade e nem bom futebol. Só há a histórica camisa amarela de tantos títulos e alegrias. Mas os jogadores da atualidade são os que qualquer técnico convocaria, até mesmo Ancelotti. Endrick está lá. Estevão, também. E Vini Jr. vai concorrer à Bola de Ouro.
Então, não são os jogadores. É o nosso jeito de jogar que se perdeu. E onde se perdeu? Há várias possibilidades: a liberdade criativa, as prisões táticas, o fim dos camisas “10”, a europeização dos nossos jogadores e os nossos técnicos. Você pode escolher qualquer um dos pontos acima e encontrará várias justificativas fortes para contextualizar o momento pobre do nosso futebol.
Há dois meses tivemos simultaneamente Copa América e Eurocopa. Dois torneios e uma distância enorme de qualidade e intensidade. Mas se os nossos jogadores atuam nos mesmos times em que estão os jogadores dessas seleções européias, qual a diferença?
Eu, particularmente, credito ao futebol de base e técnicos. A formação não prioriza mais talentos, mas sim formatar atletas que sejam competitivos comercialmente para o futebol mundial. Qualquer canhoto com habilidade seria um camisa 10 no passado, hoje se torna um ponta para jogar pelo lado direito. E vira jogador de milhões.
Aos técnicos a resistência quanto a “estudar”. O número de informações disponíveis hoje não dá mais direito a técnico algum trabalhar sem ter um banco de dados. E quem fica no empirismo, está ficando sem emprego. Busque na memória e você vai se surpreender de quantos técnicos nem são mais lembrados no mercado brasileiro. E essa “entressafra” de novos técnicos e antigos conceitos faz a gente parar no tempo e não conseguir, mesmo tendo bons jogadores, fazer a Seleção jogar de forma mais criativa.
É preciso uma mudança de cultura urgente. Temos jogadores, mas não temos o futebol. Estamos vendendo revelações com potencial e importando nomes em final de carreira. Estamos com grande potencial de investimento, mas sem coerência. Inteligência faz dinheiro, mas só dinheiro não faz um futebol inteligente.