Há alguns anos, o amigo Antonio Carlos Divino me pediu um favor. À época ele era o Comodoro do Iate Clube e desejava fazer uma homenagem ao ex-zagueiro Marinho, que jogou no Londrina e foi campeão mundial pelo Flamengo, em 1981. Naquele Flamengo campeão tinha Zico, entre outros craques, e Divino queria surpreender Marinho com uma mensagem do camisa 10 do time. E fui atrás da tarefa dada.

RIO DE JANEIRO, RJ 28.12.2021 : JOGO DAS ESTRELAS DO ZICO - Jogo das estrelas 2021 , realizado no estádio Luso Brasileiro na cidade do Rio de Janeiro, RJ, nesta Terça-feira, 28. (Foto: ALEXANDRE NETO/PHOTOPRESS/Folhapress)
RIO DE JANEIRO, RJ 28.12.2021 : JOGO DAS ESTRELAS DO ZICO - Jogo das estrelas 2021 , realizado no estádio Luso Brasileiro na cidade do Rio de Janeiro, RJ, nesta Terça-feira, 28. (Foto: ALEXANDRE NETO/PHOTOPRESS/Folhapress) | Foto: Alexandre Neto/Photo Press/Folhapress

Chegar ao Grupo Globo me permitiu trabalhar com pessoas que ao longo da vida assistia à distância. Um deles era Raul Quadros, uma lenda da reportagem esportiva da televisão brasileira. Raul fez matérias antológicas pelo fato de inovar de maneira simples a maneira de contar histórias. E Raul era compadre do Zico. E Raul estava sempre na casa do Zico.

LEIA TAMBÉM:

O Londrina e a sua torcida

A crise no Flamengo

Já no final de carreira, Raul era comentarista, e não ia mais à beira do gramado, trabalhando somente nos estúdios e cabines, o que fazia com que sempre estivéssemos juntos e, por isso, criamos laços. Raul era do tipo desconfiado, mas muito simples e amigo e quando gostava de alguém não tinha limites para demonstrar o carinho. E ele gostou de mim. Quando perguntei se poderia me ajudar, levando uma câmera para o Zico gravar uma mensagem, ele disse: “de jeito nenhum, você é gente boa e eu gosto de você e vou fazer o que não faço com ninguém, vou levar você lá. Deixa só eu marcar com ele.” Fiquei até assustado, mas esperei.

Menos de duas semanas Raul me disse: “pode ir lá amanhã? Duas horas a gente se encontra aqui na TV”. Zico morava (e ainda mora) num condomínio na Barra da Tijuca, ao lado da Globosat. Fomos caminhando. Em casa, Zico, esposa e um dos netos, com o qual Raul ficou brincando enquanto gravava com o mais querido jogador da história do Flamengo, e para muitos o melhor também. Antes de gravar disse que já tinha estado ao lado dele na inauguração do Estádio do Café, em que o Flamengo foi o adversário do Tubarão. Como meu pai foi o árbitro do jogo inaugural, eu fiquei no gramado vendo a grande festa. Depois desses detalhes Zico abriu sorrisos e até relembrou que havia feito outro jogo na cidade na despedida de Carlos Alberto Garcia. Zico foi gentil, gravou, fez questão de conferir se tinha ficado bom. Ainda tomamos um café. E partimos.

Agradeci Raul Quadros, mas ele não dava muito valor a isso e preferia ajudar as pessoas, como Zico também tem como característica. Não fizemos uma foto. Não registramos aquele momento, mas Marinho viveu uma noite especial. Raul faleceu em 2016, mas as histórias sempre permanecem vivas. E mais uma vez, obrigado Raul Quadros. Obrigado, Zico.

Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1.