SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Quem tentou entender o motivo da aposentadoria da tenista número 1 do mundo, Ashleigh Barty, 25, encontrou pistas em janeiro deste ano. Após conquistar o título do Aberto da Austrália em seu país natal, ela disse estar animada com o futuro. Mas não citou nenhum objetivo no esporte.

Dona de 15 títulos em torneios individuais, três Grand Slams e depois de receber US$ 23 milhões (R$ 111,6 milhões na cotação atual) em prêmios, ela anunciou nesta quarta-feira (23) a decisão de parar de jogar.

"Não há um jeito certo ou um jeito errado. Há apenas o meu jeito. Eu sei que no meu coração e para mim, como pessoa, isso é o certo. O tênis realizou todos os meus sonhos possíveis, mas sei que é o meu momento de ir atrás de outros sonhos", disse, sem entrar em detalhes.

Ela sinalizou, na entrevista a Casey Dellacqua, sua ex-companheira em torneios de duplas, que vencer na Austrália foi uma espécie de desabafo e ela percebeu ter atingido tudo o que poderia no esporte de alto nível. Ashleigh foi a primeira tenista do país a ganhar o torneio em 44 anos.

Antes da conquista, ficou parada por cerca de dois meses para descansar e recarregar as energias antes do esforço final para vencer o Grand Slam em casa.

"Você trabalha tão duro na sua vida por um objetivo... Conseguir vencer Wimbledon, que era meu verdadeiro sonho, mudou minha perspectiva como pessoa. Tive um sentimento dentro de mim que não se sentiu satisfeita. E veio o desafio do Aberto da Austrália. Foi o jeito perfeito de celebrar a maravilhosa jornada que foi minha carreira", explicou.

A decisão de Ashleigh foi sem precedentes. Jamais uma tenista número 1 do mundo e tão jovem decidiu abandonar as quadras. Ela não citou qualquer tipo de problema físico ou lesão. Definiu apenas estar exausta.

"Não tenho mais nada a dar e isso para mim significa sucesso. Dei tudo o que tinha por esse esporte. Estou realmente feliz por isso. Cheguei o momento em que sucesso não depende de resultados."

No masculino, os principais nomes continuam na ativa depois dos 30 anos, como é comum também entre as mulheres. Roger Federer ainda está no circuito aos 40 anos. Rafael Nadal tem 35, e Novak Djokovic, 34. Ashleigh Barty é a número 1 do ranking desde 2019.

"Sei que as pessoas podem não entender. Estou ok com isso. Asheigh Barnes, a pessoa, tem muitos sonhos que quer realizar e que não envolvem viajar ao redor do mundo e estar longe da minha família", completou.

No ano passado, ela ficou noiva de seu namorado de longa data, Garry Kissick, que costuma estar presente quando ela joga e publica mensagens de apoio nas redes sociais.

O anúncio surpreendeu e causou reações no mundo do tênis. Nem mesmo a WTA, que administra o circuito de torneios femininos, sabia que o anúncio da aposentadoria de sua principal atleta era iminente.

"Por cada um de nós que você inspirou. Pelo seu amor pelo esporte. Obrigado, Ashleigh Barty pela incrível marca que você deixou em quadra, fora de quadra e nos nossos corações", publicou a entidade em sua conta no Twitter após o anúncio.

Entre as demais dez tenistas de melhor colocação na lista da WTA, Ashleigh recebeu mensagens públicas da tcheca Karolina Pliskova (número 8) e da tunisiana Nos Jabeur (10).

"Parabéns por uma incrível carreira, Ash. Foi um privilégio compartilhar uma quadra com você. Desejo tudo de melhor no seu próximo capítulo", escreveu Pliskova.

Jabeur compartilhou uma foto de título de duplas que venceram juntas quando eram juniores. A tunisiana chamou a australiana de "uma verdadeira inspiração".

O britânico Andy Murray, três vezes vencedor do Grand Slam, postou no Twitter: "Feliz por Ashleigh Barty. Triste pelo tênis. Que jogadora!"

O primeiro-ministro australiano Scott Morrison prestou homenagem à tenista. "Quero agradecer, Ash, por inspirar um país, inspirar uma nação em um momento em que o país realmente precisa", disse o político.

A agora ex-atleta não entrou em detalhes sobre o que planeja para o futuro e deve dar nova entrevista nesta quinta-feira (24). Apenas afirmou continuar a amar o tênis.

"É assustador", resumiu, sob a perspectiva de abandonar o esporte que pratica desde a infância e iniciar uma nova vida aos 25 anos.