SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Neymar nunca se sentiu tão preparado e próximo de conquistar o cobiçado título da Liga dos Campeões com a camisa do Paris Saint-Germain como na atual edição.

Próximo porque o clube francês está a apenas três jogos de levantar a taça, um caminho curto possibilitado pela pandemia do novo coronavírus, que comprimiu a fase final da competição em jogos únicos a partir das quartas de final, todos em Lisboa.

Dos três passos até o título, o primeiro terá que ser dado nesta quarta-feira (12), contra a Atalanta, às 16h (de Brasília), no Estádio da Luz. A TNT transmite.

"Nós queremos deixar uma marca nesta temporada com a Champions League. Estamos lutando por isso, porque nunca estivemos tão perto de conquistá-la", disse o atacante brasileiro ao site oficial do PSG.

Na sua terceira temporada em Paris, Neymar tem passado longe de grandes polêmicas extra-campo recentemente e acredita que esteja vivendo o melhor momento no time desde que foi contratado, por 222 milhões de euros, em 2017.

A confiança na boa fase tem muito a ver com o fator físico. Apesar de ter perdido 14 jogos por lesão, o atacante não sofreu nenhum problema médico grave como em outras temporadas no clube.

Foram as interrupções por questões físicas, inclusive, as responsáveis pelos principais questionamentos que recaíram sobre o brasileiro, ausente quando sua equipe mais precisava, isso é, nas fases eliminatórias das últimas duas edições da Liga dos Campeões.

Em 2017/2018, o camisa 10 disputou apenas o jogo de ida contra o Real Madrid, pelas oitavas de final da competição. A derrota dos franceses por 3 a 1 complicou a classificação.

Na partida de volta, em Paris, Neymar não jogou pois se recuperava de uma fissura no quinto metatarso do pé direito. Novo revés diante dos espanhóis, por 2 a 1, decretou a eliminação do PSG.

Na edição seguinte da Liga dos Campeões, o quinto metatarso do pé direito voltou a tirá-lo de um momento decisivo do clube, que enfrentou o Manchester United nas oitavas.

A fratura sofrida pelo brasileiro o tirou de combate das duas partidas. Com uma derrota por 3 a 1 no Parque dos Príncipes, a vantagem de 2 a 0 construída na Inglaterra foi desperdiçada e o time deu adeus ao torneio.

Foi somente na atual temporada que o atacante pôde, enfim, mostrar poder de decisão no mata-mata da Liga dos Campeões. Contra o Borussia Dortmund, nas oitavas de final, Neymar anotou o gol da derrota parisiense por 2 a 1, na Alemanha.

Na capital francesa, já sem a presença de público por conta da pandemia, abriu o placar que encaminhou o triunfo por 2 a 0 de sua equipe e colocou o Paris Saint-Germain nas quartas de final após seguidas frustrações.

"Eu tive momentos de alegria e momentos difíceis, especialmente quando não pude jogar por conta de lesões. Com a ajuda dos meus companheiros, fui capaz de superar esses problemas e me concentrar no que realmente importa, que é nossa performance no campo e como isso se traduz em títulos", afirmou Neymar.

Como tem sido praxe na França, o PSG faturou o título da Ligue 1, apesar de a competição ter sido encerrada ainda em abril por determinação do governo durante a interrupção causada pela pandemia.

Nas últimas semanas, o clube também foi campeão da Copa da Liga Francesa, nos pênaltis, e da Copa da França, desta com um gol de Neymar na vitória por 1 a 0 sobre o Saint-Étienne.

Em 24 jogos na temporada, o atacante marcou 19 gols e distribuiu 10 assistências.

Contra a Atalanta, em Lisboa, ele poderá ter a companhia de Kylian Mbappé, dúvida para a partida em razão de uma lesão no tornozelo direito sofrida na final da Copa da França, mas que treinou nos últimos dias. O campeão do mundo com a França soma 30 gols na atual temporada, além de 18 assistências.

O confronto com os italianos marca a oportunidade de o PSG alcançar a sua segunda semifinal de Liga dos Campeões em 50 anos de história do clube, que comemora meio século de vida justamente nesta quarta-feira, 12 de agosto.

No caminho dos franceses até a final, não há campeões do torneio. Do outro lado da chave estão dois times que já faturaram a taça, e um deles vai ser eliminado nas quartas de final no duelo entre Barcelona x Bayern de Munique.

Por isso, o Paris Saint-Germain e Neymar enxergam a reta final de competição como uma chance rara de conquistar o título, dessas que talvez surjam apenas a cada 50 anos.

Mas para confirmar o favoritismo será necessário primeiro não subestimar a Atalanta, que faz sua melhor temporada na história.

Estreante na Liga, o clube de Bergamo eliminou o Valencia nas oitavas de final, em uma série carregada de simbolismo por ser considerada um disparador do contágio de Covid-19 na região da Lombardia, muito afetada pela doença.

Na Serie A italiana, terminou na terceira colocação e com o melhor ataque da liga. Foram 98 gols marcados, 22 a mais do que a campeã Juventus.

Com um poderio ofensivo que chama a atenção de toda a Europa, a Atalanta sonha com uma classificação à semifinal da Liga dos Campeões e, quem sabe, com a possibilidade de um título histórico. Até porque, assim como o PSG, não terá nenhum campeão do torneio pela frente até a decisão.

"A Atalanta tem um senso de pertencimento com a cidade, e você se sente parte disso. As pessoas fazem você sentir isso", diz o argentino Papu Gómez, 32, destaque do time de Bergamo.

"Sabemos que somos uma equipe de uma cidade de 150 mil habitantes. Não somos o time grande de uma capital. Mas sabemos aonde vamos, o que queremos e como conseguir isso. Estamos aqui também por um motivo. Ninguém nos deu nada de presente. Futebol é 11 contra 11, e tudo pode acontecer", completa o argentino.