O Brasil conseguiu na madrugada de ontem a primeira medalha nos Jogos Paraolímpicos de Sydney. A façanha coube ao nadador paraibano Genezi Andrade e com ela vieram as primeiras críticas ao Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB). Na competição, o brasileiro chegou em terceiro lugar na prova dos 150 metros medley (SM3), com tempo de 3m34s97, e garantiu o bronze. Andrade estava bastante emocionado no pódium – fez questão de carregar a bandeira do Brasil. O atleta foi muito aplaudido pela animada torcida brasileira presente ao Centro Aquático. A medalha de ouro foi para o mexicano Juan Reyes, que marcou 3m06s44.
Genezi Andrade saiu da piscina elogiando seu técnico José Rosélio. ‘‘Tenho só que agradecer ao meu técnico, o Zeca, devo tudo a ele, que me dá força dentro e fora da piscina’’, disse. Andrade nada com Zeca há 12 anos em Natal, no Rio Grande do Norte. O técnico do atleta não conseguiu segurar o choro e também teceu elogios ao atleta, mas não esqueceu de lamentar a não inclusão do nadador em outra prova: ‘‘O Genezi é um dos melhores atletas do Brasil, muito dedicado e com grande futuro. Ele tem o segundo melhor tempo do mundo nos 200m livre, mas não vai nadar essa prova porque nossa inscrição chegou atrasada’’, disse.
Segundo o treinador, o problema foi causado porque o Comitê Paraolímpico Brasileiro realizou as seletivas para os Jogos depois do prazo de inscrição, que era até 30 de junho (as classificatórias nacionais foram de 30 de junho a 8 de julho no Rio de Janeiro). Segundo o CPB, a seletiva foi realizada com atraso porque a verba do governo federal chegou à entidade muito depois do prazo previsto.
Mesmo assim, o presidente da entidade, João Batista Carvalho, procurou amenizar a situação. ‘‘Estamos apenas no segundo dia de provas e ainda temos dez dias pela frente. Nossas energias deveriam estar canalizadas para a preparação dos atletas. Não é a hora de criar um clima ainda mais tenso para quem compete’’, disse.
Sem dinheiro – Mas as notícias polêmicas não pararam por aí. Zeca denunciou que o Vasco da Gama não paga há dois meses a cota do patrocínio que havia sido acertada diretamente com o CPB e também se mostrou indignado com o material esportivo que foi passado aos seus atletas pelo comitê. ‘‘Na verdade estamos com os uniformes do Comitê Olímpico, apenas colaram grosseiramente o nome do Comitê Paraolímpico no uniforme’’, disse Zeca. ‘‘O serviço foi tão mal feito que a maioria dos atletas chegou aqui sem o distintivo do CPB.’’
Sobre a falta de pagamento por parte do Vasco, o técnico lamentou principalmente porque a maioria dos atletas é de famílias carentes e necessitava do dinheiro enquanto estaria fora do País. ‘‘O fato do Vasco não pagar nossos salários há dois meses era previsto, pois no começo do ano os atletas paraolímpicos sofreram grande discriminação quando não foram homenageados no jantar que o clube carioca promoveu aos atletas que estariam em Sydney’’, atacou.
Mais natação – Na prova final dos 200 metros (SM5) medley, o brasileiro Ivanildo Vasconcelos cravou o quinto melhor tempo (3m33s08). O primeiro lugar ficou com o espanhol Pablo Cimadezila (3m08s39), o segundo com o francês Pascal Pinard (3m13s30), o terceiro com o polonês Arkadiusz Pawlovsky (3m15s99) e o quarto com o húngaro Ervin Kovacs (3m17s23).
Outro atleta do Brasil conseguiu ainda um quinto lugar: Adriano Gomes fez o tempo de 3m11s73 na prova de 200 metros medley (SM6). O primeiro colocado foi Fascha Kindred, da Grã Bretanha, com tempo de 2m57s42. A medalha de prata foi conquistada por Tadhag Slappery, da Rússia, com 2m59s37. A medalha de bronze ficou com o alemão Thomas Grimm, com 3m02s79. O quarto lugar ficou para Adam Purdy, do Canadá, com o tempo de 3m10s34.