Natação dá primeira medalha ao Brasil
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sexta-feira, 20 de outubro de 2000
Marcos Freitas Enviado da Folha a Sydney
O Brasil conseguiu na madrugada de ontem a primeira medalha nos Jogos Paraolímpicos de Sydney. A façanha coube ao nadador paraibano Genezi Andrade e com ela vieram as primeiras críticas ao Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB). Na competição, o brasileiro chegou em terceiro lugar na prova dos 150 metros medley (SM3), com tempo de 3m34s97, e garantiu o bronze. Andrade estava bastante emocionado no pódium fez questão de carregar a bandeira do Brasil. O atleta foi muito aplaudido pela animada torcida brasileira presente ao Centro Aquático. A medalha de ouro foi para o mexicano Juan Reyes, que marcou 3m06s44.
Genezi Andrade saiu da piscina elogiando seu técnico José Rosélio. Tenho só que agradecer ao meu técnico, o Zeca, devo tudo a ele, que me dá força dentro e fora da piscina, disse. Andrade nada com Zeca há 12 anos em Natal, no Rio Grande do Norte. O técnico do atleta não conseguiu segurar o choro e também teceu elogios ao atleta, mas não esqueceu de lamentar a não inclusão do nadador em outra prova: O Genezi é um dos melhores atletas do Brasil, muito dedicado e com grande futuro. Ele tem o segundo melhor tempo do mundo nos 200m livre, mas não vai nadar essa prova porque nossa inscrição chegou atrasada, disse.
Segundo o treinador, o problema foi causado porque o Comitê Paraolímpico Brasileiro realizou as seletivas para os Jogos depois do prazo de inscrição, que era até 30 de junho (as classificatórias nacionais foram de 30 de junho a 8 de julho no Rio de Janeiro). Segundo o CPB, a seletiva foi realizada com atraso porque a verba do governo federal chegou à entidade muito depois do prazo previsto.
Mesmo assim, o presidente da entidade, João Batista Carvalho, procurou amenizar a situação. Estamos apenas no segundo dia de provas e ainda temos dez dias pela frente. Nossas energias deveriam estar canalizadas para a preparação dos atletas. Não é a hora de criar um clima ainda mais tenso para quem compete, disse.
Sem dinheiro Mas as notícias polêmicas não pararam por aí. Zeca denunciou que o Vasco da Gama não paga há dois meses a cota do patrocínio que havia sido acertada diretamente com o CPB e também se mostrou indignado com o material esportivo que foi passado aos seus atletas pelo comitê. Na verdade estamos com os uniformes do Comitê Olímpico, apenas colaram grosseiramente o nome do Comitê Paraolímpico no uniforme, disse Zeca. O serviço foi tão mal feito que a maioria dos atletas chegou aqui sem o distintivo do CPB.
Sobre a falta de pagamento por parte do Vasco, o técnico lamentou principalmente porque a maioria dos atletas é de famílias carentes e necessitava do dinheiro enquanto estaria fora do País. O fato do Vasco não pagar nossos salários há dois meses era previsto, pois no começo do ano os atletas paraolímpicos sofreram grande discriminação quando não foram homenageados no jantar que o clube carioca promoveu aos atletas que estariam em Sydney, atacou.
Mais natação Na prova final dos 200 metros (SM5) medley, o brasileiro Ivanildo Vasconcelos cravou o quinto melhor tempo (3m33s08). O primeiro lugar ficou com o espanhol Pablo Cimadezila (3m08s39), o segundo com o francês Pascal Pinard (3m13s30), o terceiro com o polonês Arkadiusz Pawlovsky (3m15s99) e o quarto com o húngaro Ervin Kovacs (3m17s23).
Outro atleta do Brasil conseguiu ainda um quinto lugar: Adriano Gomes fez o tempo de 3m11s73 na prova de 200 metros medley (SM6). O primeiro colocado foi Fascha Kindred, da Grã Bretanha, com tempo de 2m57s42. A medalha de prata foi conquistada por Tadhag Slappery, da Rússia, com 2m59s37. A medalha de bronze ficou com o alemão Thomas Grimm, com 3m02s79. O quarto lugar ficou para Adam Purdy, do Canadá, com o tempo de 3m10s34.