Rafael Nadal, campeão pela 14ª vez do Grand Slam de Paris, enfrentou Casper Ruud com o pé esquerdo dormente na final deste domingo (5). "Tive meu médico aqui comigo. Jogamos sem sentir meu pé, com uma injeção no nervo, então meu pé estava adormecido. É por isso que fui capaz de jogar", disse à Eurosport depois da partida.

Nadal bateu o norueguês Ruud por 3 sets a 0, com parciais de 6/3, 6/3 e 6/0. Aos 36 anos, levantou de novo o troféu que erguera pela primeira vez aos 19, demonstrando uma força da qual chegou a duvidar.

O tenista espanhol também lembrou que ficou um mês sem treinar e que, além da lesão no pé, enfrentou uma fratura na costela.

As dores no pé esquerdo do tenista espanhol são decorrentes da síndrome de Müller-Weiss, uma doença degenerativa rara que afeta um dos ossos da parte central do pé. Nadal recebeu o diagnóstico em 2005.

"Este osso se submete a tensões significativas e, por razões desconhecidas, perde sua vascularização e se torna necrótico", disse Denis Mainard, presidente da Associação Francesa de Cirurgia do Pé, à agência AFP.

Nos casos mais graves, "o osso vai se desintegra, pode se fragmentar e, ao final, evoluir para uma osteoartrite com redução do arco plantar", afirma.

A síndrome de Müller-Weiss tem cinco estágios: o primeiro não revela sintomas, o último é a osteoartrite.

As causas são desconhecidas. "Dos dois autores que inicialmente a descreveram, Müller acreditava que fosse de origem traumática, Weiss, vascular. No momento, considera-se que a origem seja vascular", diz Mainard.

Em Roland Garros, Nadal disse que competir mais uma vez o Aberto da França, aos 36, significa muito para ele. "Não sei o que vai acontecer no futuro, mas vou continuar lutando", afirmou. "Busquei um nível que eu pensava já não ter", disse Nadal após o triunfo sobre o rival Novak Djokovic, nas quartas de final. Um triunfo que, mesmo com seu histórico quase inacreditável no Aberto da França, era considerado improvável por muitos.

Então líder do ranking mundial e defensor do título, o também veterano Djokovic, 35, havia chegado às quartas sem ter perdido um set. Em razão das dores crônicas no pé, Nadal desembarcou em Paris dando sinais de que a competição poderia ser a sua última. "Aceitaria perder a final em troca de um pé novo", disse, meio de brincadeira, meio a sério, antes da partida do título.

REI DO GRAND SLAM

Com ao menos um par de títulos em cada um dos outros três campeonatos da série Grand Slam - dois no Aberto da Austrália, quatro no Aberto dos Estados Unidos e dois no tradicional Torneio de Wimbledon -, Nadal chegou a 22 taças do circuito Major. Ninguém ganhou tanto, tendo ficado para trás Djokovic e o suíço Roger Federer, 20 conquistas cada um.