Derrubando barreiras
Até que enfim, a Fifa decide repensar o problema da barreira. A barreira é uma das mazelas do futebol. Não consta de regra nenhuma, é uma grande aberração. Tudo que diz a lei do jogo é que o infrator não pode ficar a menos de nove metros e 15 da bola. Ponto final. Na prática, porém, o time punido faz uma lambança, retarda o chute, a pretexto de formar a barreira. O árbitro, ali, fazendo papel de palhaço, diante da farsa impune. Lá de trás, está o goleiro a comandar a pantomima: mais pra direita! Mais pra esquerda! E tome tempo! Se isso não é beneficiar o infrator, não sei o que será.
A International Board, neste fim-de-semana, resolveu atenuar os males da barreira, aplicando no futebol uma resolução adotada no rugby: a barreira andou, feito centopéia? Então, a falta passa a ser cobrada do lugar pra onde se deslocou a barreira. Ou seja: se a barreira avança, a falta avança, pra ficar mais perto da pequena área.
A outra medida, não menos importante, decidida na última sexta-feira, é a presença de dois árbitros, dirigindo o jogo. Todos os relatórios chegados à Fifa asseguram que a inovação autorizada pela Fifa tem dado muito certo nos países em que tem sido testada.
Tomara que as duas medidas nos cheguem pro bem do futebol. A exemplo do que se passou com a resolução que proíbe o goleiro de pegar com as mãos a bola a ele atrasada com os pés, por qualquer jogador de sua equipe. Sábia providência que veio pra ficar.
Um doce abraço
Paula e Hortência se encontram, pra um doce abraço, e também pra recordar a trajetória de ouro do basquete feminino, no reinado por ambas dividido, durante quase duas décadas. Tive o privilégio de ser o anfitrião do encontro, no estúdio do Esporte Real. Depois de gravada a entrevista, que vai ao ar a partir de amanhã, no Sportv, Hortência e Paula foram almoçar juntas, almoço do qual participamos, na condição de testemunhas, Alberto Pecegueiro, diretor da Globosat, e esse marquês de Xapuri.
As duas legendárias jogadoras bateram uma bola interessante sobre o futuro próximo do basquete feminino. Ambas acham que o Brasil está cometendo uma imprudência, programando uma excursão de mais de um mês, antes de chegar a Sidney. Será um desgaste emocional do tamanho de um bonde. Diz a Paula: ‘‘Depois de um mês, correndo mundo, feito ciganas, as jogadoras não vão aguentar mais sequer olhar uma pra outra. A convivência prolongada e sob tensão certamente gera atritos pessoais prejudiciais ao elã da equipe. Uma temeridade’’.
Por sua vez, Hortência não vê com bons olhos que a Confederação deixe sair do Brasil, em plena reta final, jogadoras como Janete e Claudinha. Em vez de ficar por aqui, treinando com o resto da equipe, as duas estrelas estarão nos Estados Unidos, jogando a WNBA – desligadas, portanto, do objetivo maior que é o torneio olímpico de Sidney.
Paula e Hortência estão apreensivas com o risco de uma programação tão amadorística. As duas, por sinal, verão de perto o basquete olímpico. Infelizmente, não mais como jogadoras. Hortência estará em Sidney, contratada pela Rede Bandeirantes; Paula, pelo Sportv.
O estalo de Agassi
Quanto vale uma conversa franca! No começo do ano passado, quando estava roçando o fundo do poço, André Agassi perde uma partida sem glória, contra Vicent Spadea, um jogador sem grandes estalos no tênis de elite. O preparador físico Gil Reyes e o treinador Brad Gilbert propuseram um papo cabeça com Agassi. Trancados os três num hotel de luxo, em Melbourne. Gil Reyes perguntou:
– Quando você acha que deu o máximo, numa quadra de tênis?
– Sempre, sempre - respondeu Agassi.
– Pois bem, você está a fim de ir mais fundo do que sempre foi?
– Estou.
– Então, vamos à luta.
Daquele dia em diante, André Agassi passou a malhar o dobro do que malhava, tanto na esteira quanto na musculação. Readquiriu forma física, fortaleceu-se mentalmente e chegou ao zênite da carreira, onde pretende ficar, enquanto forças tiver.
RÁPIDAS E RASTEIRAS
- Leio que o BCN ficou desapontado com a decisão de Paula, encerrando a carreira, em plena vigência de contrato. Se o BCN estivesse, realmente, preocupado em preservar sua estrela, não teria permitido que uma panelinha vivesse a boicotá-la, nos treinos, nos jogos e até na convivência das concentrações. Paula se sentia uma estranha no ninho. De qualquer modo, as relações entre BCN e Paula não estão abaladas. A musa e o banco vão trabalhar de mãos dadas em projetos de promoção do basquete no meio da garotada pobre de Piracicaba.
- Cortaram a cabeça e o barato de Carlos Alberto Parreira. Desembarcá-lo, assim, de maneira tão deselegante, encerra uma das maiores gafes que o Fluminense já cometeu na vida; e olhe que, em matéria de estultices, o clube tricolor tem dado um show nos últimos anos. Essa, porém, é por demais constrangedora. A tal ponto que sou capaz de jurar: se a torcida tivesse voz no conselho do clube, Carlos Alberto Parreira seria, a qualquer momento, eleito presidente do Fluminense. Em tempo: até que não deixa de ser uma boa idéia.