Volta por cima
Uma oportuna conclusão sobre a final Vasco x Corinthians é que o futebol brasileiro soube dar a volta por cima, depois de algum tempo sem ganhar nada no cenário internacional. Agora, os críticos europeus, sempre tão reticentes pra conosco, não podem desconhecer que, na categoria clube, o Brasil é primeiro lugar, com aval da FIFA. Primeiro e segundo. O futebol brasileiro sai do Mundial de bola cheia.
Seleção de peso
Como quem não quer nada, tome, leitor, os dois times finalistas do Mundial de Clubes. Experimente montar uma equipe mista. Verá amigo que acabou de escalar uma seleção do mais alto nível técnico. Você tem Dida, tem Mauro Galvão, tem o recém-chegado Adilson, tem Kleber, tem Juninho, Felipe, Ricardinho, Edilson, Marcelinho, Romário, Edmundo. Mesmo privado do colombiano Rincón, já pensou que timaço!
Na mão de um bom treinador, o Brasil vai a qualquer Copa, em qualquer lugar do mundo e acaba com o jogo.
O bom caminho do clube
O futebol brasileiro parece que começa a tomar um rumo mais sábio, mais profissional, em matéria de renovação de equipe. Quem sempre esbanjou dinheiro, em começo de temporada, agora decidiu dar meia-trava. É melhor cuidar das divisões de base do que ficar estourando fortunas, comprando jogadores já renomados. O primeiro exemplo é o Palmeiras. O Flamengo, pelo visto, também quer cultivar a prata-da-casa. Fazem eles muito bem. O delírio tem algum cabimento na Europa, que vive nadando em dinheiro.
Como diz sir Alex Ferguson, técnico do Manchester, o que fazem os clubes europeus, queimando milhões de dólares em contratações fabulosas, é uma insanidade. O Real Madrid acaba de dar uma prova de irrealismo. Pagou 35 milhões de dólares pelo atacante Anelka. Por um milhão de dólares, Anelka já seria uma maluquice.
Dá até pra entender. O futebol europeu não tem de onde tirar talentos ainda em botão, como aqui. Nem Real, nem Milan, nem Ajax, ninguém por lá tem garoto interessado em jogar pelada. Por lá, a semeadura é inútil, o chão é infértil. Aqui, com a graça de Deus, a terra é promissora e, em se plantando, tudo dá.
O novo tempo do Vôlei
Transcrevo fiapos de um bom-papo que tive com Radamés Lattari e que será visto no Esporte Real: 1) Com a extinção da vantagem e a chegada do saque queimado, saque e bloqueio passaram a ser os dois fundamentos mais decisivos do vôlei; 2) Dante, um garotão de 19 anos e dois metros e um centímetros, é a maior revelação brasileira: Dante já está incorporado ao elenco de Sidney; 3) A estatura ainda é o ponto fraco da seleção brasileira (1,94cm): os russos já passam de dois metros de altura; 4) O jogador-ídolo entre os atuais jogadores da seleção é Carlão: não há um só atleta que não venere a garra, a intuição e a técnica do craque acreano; 5) Maurício não está queimado na seleção: Radamés Lattari está apenas alfinetando os brios do jogador que, pelo menos na seleção, andava jogando meio desmotivado.
RÁPIDAS E RASTEIRAS
O Brasil não trará muitas medalhas de Sidney-2000, mas, em compensação levará todas. É que as medalhas, ouro, prata e bronze, estão sendo cunhadas na Casa da Moeda do Brasil. Decisão do Comitê Olímpico Internacional.
- Lendo o livro ‘‘Futebol ao Sol e à Sombra’’, de Eduardo Galeano (L&PM Editores), fico sabendo que, no sul-americano de 1921, o presidente da República, Epitácio Pessoa, baixou um decreto em que ordenava que a Seleção Brasileira não levasse nenhum jogador de pele escura, ‘‘por razões de prestígio pátrio.’’ Das três partidas que disputou, a seleção de brancos perdeu duas.
- A revista francesa ‘‘L’Equipe Magazine’’ define o ano esportivo de 99 como o tempo do músculo. Mais que nunca, os atletas desenvolveram massa muscular. O exemplo escolhido pra ilustrar a matéria é André Agassi. Agassi, que sempre foi um lambisgóia, apareceu, em 99, com acentuada massa muscular, tanto nas pernas quanto no tronco.
- A Itália é um dos países autorizados pela FIFA a fazer jogo com dois árbitros. Dará certo? O francês Michel Vautrot, que apitou a semifinal Argentina x Itália na Copa de 90, duvida que seja uma boa. Diz ele que a fórmula enfraquece a autoridade do juiz. ‘‘É como se a FIFA resolvesse ter dois presidentes.’’
- A FIFA acaba de autorizar publicidade virtual nos gramados. Precisamente, em dois lugares: no grande círculo e na grande área. Mas com uma condição: a projeção de propaganda só pode ser feita quando os times não estiverem em campo.
- Contei, outro dia, ligeiramente corado, que recebi um solitário correio-eletrônico, vindo de um leitor que vive em Moscou. Exagerado, conclui, logo, que sou lido também na Rússia. Mal refeito da surpresa, eis que me chegam mais dois e-mails, um, da Austrália, outro, de Macau, no Sul da China. É a glória planetária lavando a alma desse pobre Marquês de Xapuri.
- Gama e Clube dos Treze começam a conversar. É melhor assim. Alguém talvez já tenha dito ao pessoal do Gama que esporte e política juntos nunca dão bom caldo.
- Encontro Edilson, num elevador. Ele recorda uma noite em que jantamos, juntos, em São Paulo, a convite dele. Baianinho simpático esse Edilson, ex-rei dos rachas nas praias de Salvador.
- A Nike, segundo notícia do Washington Post, anuncia, pra já, a criação de um tênis esportivo sem peso. Zero grama. Ray Riley, chefe da pesquisa da dita grife, prediz, até, que em tempo impreciso o homem dispensará os sapatos, substituídos por implantes cirúrgicos na planta do pé. Quer dizer: a Nike vai acabar reinventando o pé.

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