Mulheres do esporte têm pouco a comemorar
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quarta-feira, 07 de março de 2001
Agência Estado De São Paulo
Quase nada a comemorar é o que resta, no momento, para as mulheres-atletas brasileiras que, há pouco mais de seis meses, viveram a euforia de compor uma delegação recorde nos Jogos de Sydney, a maior na história da participação olímpica do Brasil, desde 1920 teve até direito a porta-bandeira, com Sandra, do vôlei de praia. Mas um balanço das atletas dos esportes olímpicos neste Dia Internacional da Mulher leva à conclusão que pouco vem sendo feito no sentido de valorizar o esporte feminino.
Dos 204 atletas que representaram o País na Austrália 94 eram mulheres. Elas trouxeram 4 das 12 medalhas do País três de bronze, com o vôlei, o basquete a dupla do vôlei de praia Adriana Samuel e Sandra, e uma de prata, com Adriana Behar e Shelda. Mas o que essas conquistas representaram para o esporte feminino? Atrasos de salários, falta de patrocínio, times dissolvendo-se, pouco trabalho de base e de descoberta de talentos.
Esse, de fato, não é ano para muita comemoração, mas deveria ser porque a seleção de basquete disputou três Olimpíadas e ganhou duas medalhas, além de um título de campeã mundial, afirmou Hortência. Do tempo em que ela, Paula e outras jogadoras andavam de Kombi e dormiam em alojamentos, o esporte cresceu, com o apoio da mídia, da tevê e os resultados internacionais. Precisamos encontrar um modelo de desenvolvimento esportivo urgente, afirma Hortência, de 41 anos, mão de João Vitor e Antônio, gerente do projeto Paraná Basquete, que corre a ameaça ser extinto se não encontrar patrocinador.
A judoca da categoria meio-médio, Vânia Ishii, de 27 anos, afirma que a mulher esportista tem de lutar contra o preconceito - o machismo ainda é grande no judô , a falta de infra-estrutura e de apoio. Cobrar medalha é fácil. O apoio vem alguns meses antes da Olimpíada e some nos três anos seguintes.
