MP faz operação contra manipulação de jogos; ex-Palmeiras é suspeito
Segundo investigações, há suspeitas de atuação de organização criminosa em seis jogos do Brasileirão de 2022 e em quatro estaduais deste ano
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 18 de abril de 2023
Segundo investigações, há suspeitas de atuação de organização criminosa em seis jogos do Brasileirão de 2022 e em quatro estaduais deste ano
Folhapress
São Paulo - O Ministério Público de Goiás realizou nesta terça-feira (18) uma operação para investigar a suspeita de manipulação de resultados em seis jogos do Brasileirão de 2022 e outros cinco de campeonatos estaduais deste ano. O MPGO deflagrou a Operação Penalidade Máxima II para obter novos vestígios de atuação de organização criminosa em jogos de futebol profissional. Os estaduais Paulista, Goiano, Gaúcho e Mato-grossense deste ano estão sob suspeita.
Estão sendo cumpridos três mandados de prisão preventiva e 20 mandados de busca e apreensão em 16 municípios de seis estados. Segundo o portal NDMais, o zagueiro Victor Ramos (foto), ex-Palmeiras e atualmente na Chapecoense, foi um dos alvos dos mandados.
O agente do jogador negou o envolvimento do atleta no caso. "Ele nunca teve participação em apostas esportivas e manipulação de resultados", afirmou Lucas Reis ao portal.
A Chapecoense disse em nota: "A respeito da "Operação Penalidade Máxima" e do cumprimento do mandado relacionado a ela em Chapecó - envolvendo um jogador do clube - a agremiação alviverde reforça o seu apoio e, principalmente, a confiança na integridade profissional do atleta".
DESDOBRAMENTO DE OPERAÇÃO
O Ministério Público de Goiás iniciou a investigação, sob o comando do promotor Fernando Cesconetto, em fevereiro. Inicialmente, a denúncia foi contra o Vila Nova, em três jogos da Série B do Brasileirão do ano passado. Ele revelou que há indícios de esquema em confrontos dos estaduais de 2023.
Nos confrontos entre Vila Nova x Sport, Criciúma x Tombense e Sampaio Corrêa x Londrina, os jogadores que aceitassem entrar no esquema deveriam cometer pênaltis no primeiro tempo. Houve penalidades nos dois últimos (no caso do Sampaio, jogadores do clube estavam sob suspeita de manipulação).
O MPGO estima que cada membro da associação tenha recebido cerca de R$ 150 mil por aposta.
O grupo cooptou jogadores com oferta de valores entre R$ 50 mil a R$ 100 mil para que cometessem eventos determinados nos jogos indica a investigação.
As manipulações eram diversas e visavam assegurar a punição a determinado jogador por cartão amarelo, cartão vermelho, cometimento de penalidade máxima, além de assegurar número de escanteios durante a partida e, até mesmo, o placar de derrota de determinado time no intervalo do jogo.
Nesta semana, houve um mandado de prisão temporária cumprido, além de outros noves de busca e apreensão em seis cidades: Goiânia, São João del-Rei (MG), Cuiabá (MT), São Paulo (SP), São Bernardo do Campo (SP) e Porciúncula (RJ). "Os alvos da operação, até agora, são atletas e apostadores. Não há dirigentes, pessoas ligadas aos clubes, exceto os próprios jogadores envolvidos", explicou Cescoletto.
MP revela quais jogos de Série A têm suspeitas de manipulação
Rio de Janeiro - O Ministério Público de Goiás contou nesta terça-feira (18) quais jogos da Série A e dos Estaduais têm suspeita de manipulação, após investigação e operação feita em seis estados do país.
A LISTA DA SÉRIE A
- Santos x Avaí (5/11) - suspeita de tentativa de cooptação de atleta do Santos para tomar cartão amarelo.
- Red Bull Bragantino x América-MG (5/11) - aliciamento do atleta do Bragantino para cartão amarelo.
- Goiás x Juventude (5/11) - aliciamento de dois atletas para tomar amarelo.
- Cuiabá x Palmeiras (5/11) - um jogador do Cuiabá também aliciado para tomar amarelo
- Santos x Botafogo (10/11) - atleta cooptado para levar cartão vermelho.
- Juventude x Palmeiras (10/9) - aliciamento para tomar cartão amarelo.
"Eram os cinco jogos que estavam no escopo de investigação nessa operação. Mas durante o cumprimento de um dos mandados, um atleta confessou participação em outro jogo, em setembro, também sobre cartão amarelo, no Juventude x Palmeiras", afirmou Fernando Cesconeto, promotor do MPGO.
A LISTA DOS ESTADUAIS 2023
- Goiás x Goiânia - derrota parcial, foi apostado e os jogadores foram aliciados para que o Goiânia tivesse derrota parcial no primeiro tempo, por um determinado número de gols.
- Caxias x São Luiz - aposta encomendada de pênalti por parte do São Luiz
- Esportivo x Novo Hamburgo - cometer pênalti por parte de jogador do Novo Hamburgo.
- Luverdense x Operário-MT - Número de escanteios no primeiro tempo e durante o jogo para atender o pleito dos apostadores.
- Guarani x Portuguesa - assegurar que determinado atleta fosse punido com amarelo.
NADA DE NOMES
O Ministério Público não divulgou o nome dos envolvidos nos casos citados. O promotor Fernando Cesconetto disse que o fato de ter sido identificada a tentativa de manipulação não quer dizer que os jogadores tenham concretizado os atos.
QUAIS OS CRIMES?
"A investigação se centra no crime de organização criminosa, bem como em crimes de corrupção no âmbito desportivo previstos no estatuto do torcedor. Jogador envolvido que solicita ou aceita vantagem indevida para promover qualquer alteração de evento, não só resultado, tanto ele pode responder quanto quem alicia. Essa pessoa que dá ou promete vantagem pode responder por um crime com pena de dois a seis anos de prisão. O jogador, quem solicita ou aceita vantagem, também responde. Não se descartando avançarmos para crime de lavagem de dinheiro ou outros crimes a serem identificados", declarou ainda Cesconeto, promotor do MPGO
VALORES ENVOLVIDOS
Nos casos da Série A, o MP GO disse que as quantias oferecidas a jogadores geravam entre R$ 50 mil a R$ 60 mil por atleta para cada evento.
Nos estaduais, valores variavam entre R$ 70 mil e R$ 100 mil.
Não houve prisão de jogador profissional hoje. Mas três mandados de prisão preventiva foram cumpridos no estado de São Paulo.