No xadrez, vencer uma partida exige concentração, estratégia, conhecimento e dedicação. Na vida também é assim. Morador de Londrina, Tiago de Almeida, 38, conseguiu alcançar vários sonhos por meio do jogo de tabuleiro. O mais recente foi o título de mestre de xadrez da Confederação Brasileira de Xadrez, que conquistou após atingir a pontuação necessária durante participação no Campeonato Brasileiro, que foi realizado entre 28 de outubro e 4 de novembro, em Cuiabá (MT).

A qualificação grava o nome de Almeida na “calçada da fama” dos enxadristas brasileiros. “É um sentimento e uma alegria que não têm tamanho. O título de mestre é para mostrar que sou daqui (de Londrina), que vim de colégio de periferia e tive coragem de arriscar. É um sentimento de euforia e reconhece o meu esforço ao longo dos anos. Além disso, traz respeito, que é o que mais necessitamos. Quando se é mestre, todos valorizam”, elenca.

Almeida atualmente é professor de xadrez em três colégios particulares da cidade. Ele teve o primeiro contato com o jogo entre os 8 e 10 anos. Mas foi aos 12 anos que aprendeu de fato sobre o xadrez, compreendendo a técnica. “Sou fruto das escolas estaduais de Londrina (Tiradentes, Ubedulha e Benjamin Constant). Tinha fascínio, mas não era dos melhores. Graças aos livros e bons professores consegui entender como funciona”, conta.

O enxadrista destaca que o xadrez envolve muita filosofia, parte psicológica e matemática, entre outras áreas do conhecimento científico e humano. “O xadrez envolve a parte física e mental. Ser mestre, por exemplo, não é só jogar, mas ter conhecimento geral de tudo. Xadrez exige tempo e paciência. Jogar é fácil, o problema é quando se quer ser grande no meio dos fortes. Ele muda a parte intelectual e agrega aspectos geográficos, históricos e ‘casou’ com a tecnologia. Mesmo assim, o papel e o cérebro continuam fazendo toda a diferença”, valoriza.

CONQUISTAS

Tiago de Almeida já foi treinador da equipe londrinense de xadrez. Com o grupo conquistou seis títulos brasileiros, mais de dez paranaenses, foi campeão do Mercosul e ainda chegou ao vice pan-americano. “Londrina é um celeiro de genialidade, porém, as pessoas duvidam das suas potencialidades”, constata.

Todos os meses a Biblioteca Pública recebia torneiros de xadrez, no entanto, as atividades foram interrompidas em razão da pandemia de coronavírus. A ideia é retornar no ano que vem com novas propostas. Entre elas está organizar o Circuito Londrinense de Xadrez, com quatro torneios, sendo um a cada três meses e em locais diferentes. Cada etapa deverá ter o nome de uma grande personalidade da história do Brasil. As categorias vão variar de 8 a 18 anos.

AMOR E ALEGRIA

O novo mestre – que faz transmissões ao vivo todas as semanas pelo canal Manochess, na plataforma Twitch, para incentivar e ensinar - agora pretende seguir capacitando e formandos mais enxadristas, tornando Londrina um polo e colaborando no desenvolvimento de pessoas engajadas na sociedade. “Existem dois fatores para a pessoa se desenvolver em qualquer área, que são o amor e a alegria. Não podemos deixar o bom ânimo sumir. Um cérebro triste não produz bem”, reflete.

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