Dizem por aí que o peixe morre pela boca. Também dizem que em boca calada não entra mosca e que quem fala demais dá bom dia a cavalo. Tivesse seguido três desses ditados tão prosaicos quanto antigos, o gestor da SM Sports, Sérgio Malucelli, talvez não tivesse - como tem - a obrigação de pedir desculpas à torcida do Londrina pela péssima temporada que vai culminar, questão de tempo, no rebaixamento do clube à Série C - o segundo em quatro anos, bom lembrar.

Afinal, quando da apresentação do time que iniciou a disputa da Série B, em evento festivo num shopping da cidade, Malucelli não apenas garantiu que o Londrina desta vez subiria para a Série A - como se tivesse controle sobre os desígnios do futebol - como pediu que fosse cobrado se a "previsão" não se consumasse. Acho que a essa altura do campeonato, passados seis treinadores, um mundo de jogadores e 18 derrotas em 29 jogos (escrevi esta coluna antes da partida de ontem à noite, contra o Sampaio Corrêa), já se pode cobrar a conta.

Assim como entendo que a parceira do clube não tem a obrigação de promover o acesso do Londrina à elite do futebol nacional, justamente porque é algo que não depende necessariamente só de investimento, é dever da gestão não prometer o que sabe que não pode cumprir. E por falar em deveres e obrigações, que o casamento LEC e SM Sports já deu o que tinha que dar é fato, inclusive externado neste espaço em outras oportunidades. Mas nada de rompimento de contrato ao final do ano, como já se ensaia aqui e ali e é desejo, acho, da grande maioria da torcida. Além da questão contratual, já que o vínculo termina só em 2025, a gestora tem o dever moral de tocar o time na Série C.

ÔTO PATAMÁ

Aliás, sobre a terceira divisão nacional: o Brusque já garantiu o acesso à Série B, e o Operário corre sério risco de não subir. Se perder para o São José, domingo, ainda pela penúltima rodada, já era. Caso isso aconteça e Londrina e Coritiba confirmem seus mais de 98% de chances de queda, o Athletico terá consolidada sua posição de força maior do futebol paranaense. A distância que separa o rubro-negro dos demais no Estado é grande, é enorme. Diria até abissal.

INDIGNAÇÃO ILEGÍTIMA

Gente que não viu um jogo sequer do Londrina nesta Série B (pela TV ou no estádio) - mesmo no início dela, quando ainda não se prenunciava a catástrofe que foi a campanha - está lamentando o provável rebaixamento. Alguns até indignados. Fosse esta coluna assinada por Ancelmo Góis, do Globo, diria: parece hipocrisia. E é.