O anúncio sobre as sedes da Copa do Mundo de futebol de 2030 deixou muita gente perplexa: vão ser em três diferentes países, de dois continentes. O que já não seria uma novidade, mas com jogos de abertura em outros três países de outro continente. Não dá pra negar que o Mundial está virando realmente global: todos jogam e representação de toda parte.

A Fifa, na era Infantino, deixou de ser lógica em suas decisões. Contempla possibilidades de negócios e afagos na maioria dos membros. Está sempre relacionando suas decisões para que haja o menor número de descontentes quando as regras se tornaram mutáveis a cada quatro anos.

Sem dúvida, o mundo muda muito rápido, em constante evolução, e que todos os setores precisam se adequar a essa volatilidade que agrega linguagens, negócios e mercados. O futebol é, sim, um negócio valiosíssimo e quanto mais nações atingir, maior a potencialidade dos investidores.

Mas, sem ser saudosista ou um já quase velho ranzinza, tem coisas que não combinam. O Uruguai vai fazer a abertura em casa, pode fazer o segundo jogo na Argentina e a terceira partida na Europa ou Ásia. Jogos no Marrocos, torcedores viajando por Espanha e Portugal e uma Copa pelo mundo. Para mim, não há identidade.

Historicamente, as Copas sempre foram também marcadas por conexões diretas com suas sedes. Como esquecer toda a história que envolveu o Brasil se transformando para receber o torneio de 1950? Como não associar a de 1978, na Argentina, com o momento político do país? E 2010, marcante para o Continente Africano.

Como um mundial pode ter memória significativa além do campeão sendo disputado em seis países de três continentes? Mas os negócios se multiplicarão e serão recordes e recordes em espaços publicitários comercializados e faturamentos multi-milionários para os insaciáveis e vorazes senhores do dinheiro.

Futebol de qualidade? Em segundo plano. O futebol, um dia, criou a possibilidade de negócios. Hoje, os negócios criam possibilidades para o futebol. E assim vai. Até que um mate o outro.