São Paulo - Uma pesquisa com 511 atletas que atuam no Campeonato Paulista das séries A-1, A-2 e A-3 masculinas, além do torneio feminino, mostra que 64% deles são favoráveis e 36% contrários ao retorno das competições esportivas estaduais apesar da pandemia de Covid-19.

O resultado foi apontado por uma pesquisa realizada pelo Siafmsp (Sindicato dos Atletas de Futebol do Município de São Paulo) em parceria com a consultoria Esporte Executivo.

Imagem ilustrativa da imagem Maioria dos atletas em SP é favorável à volta do futebol, diz sindicato
| Foto: Adriana Spaca/Framephoto/Folhapress

Apesar da abrangência municipal da entidade, atletas de todo o estado foram convidados a responder um questionário on-line entre quarta (6) e sábado (9) e puderem permanecer anônimos. A margem de erro, segundo o sindicato, é de quatro pontos percentuais.

A Federação Paulista de Futebol paralisou seus campeonatos em 16 de março e ainda não há perspectiva concreta para seu retorno. Na sexta (8), o governador João Doria (PSDB) decidiu ampliar a quarentena no estado até o dia 31 de maio.

MOTIVOS

Após a pergunta inicial, os jogadores puderam apontar mais de uma hipótese para justificar a sua opinião. No grupo dos que são favoráveis ao fim da paralisação, 52% afirmam que prefeririam não voltar, mas precisam financeiramente desse retorno.

No mesmo grupo, 49% disseram sentir que terão uma estrutura para prevenção à contaminação, 34%, que jogador de futebol tem carreira curta e portanto precisam jogar por sua carreira. A opção "o coronavírus não é tudo isso como a mídia e as pessoas têm falado" foi marcada por 10% dos favoráveis.

A pesquisa tem dois recortes: 227 atletas entre homens e mulheres na Série A-1 e 284 homens nas séries A-2 e A-3.

Atletas das divisões inferiores, em geral com salários menores, se mostraram mais favoráveis à volta das atividades: 72% dos que atuam nas séries A-2 e A-3 se posicionaram pelo retorno do Campeonato Paulista. Na Série A-1, esse índice foi de 55%.

Para o grupo que é contra o retorno dos torneios, a maioria (76%) disse como justificativa não sentir que haja segurança para saúde dos atletas. Para 52%, "com a pandemia, não é hora de se pensar em futebol".

Disseram que têm salários atrasados e se sentem desrespeitados ao ter que enfrentar o coronavírus 24%.

"Ouvir o que querem é muito importante, mas entender por que querem ou não é essencial para fortalecermos as conversas com todas as partes envolvidas no negócio e estruturar nosso trabalho", afirmou Washington Mascarenhas, ex-atacante do Palmeiras e presidente do sindicato.

"Existe uma clara preocupação com a saúde para a maioria deles. Mas o desamparo de uma profissão com carreira curta e pouco rentável para a maioria faz com que critérios, como o financeiro, se sobreponham ao medo da possível contaminação", afirma Vinicius Lordello, CEO da empresa de consultoria Esporte Executivo.

PROPOSTAS

Mascarenhas pretende enviar a pesquisa para a Federação Paulista de Futebol e para a FENAPAF (Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol), que tem se manifestado contra um projeto de lei do deputado Arthur Maia (DEM-BA).

Entre as propostas para auxiliar os clubes diante da crise do coronavírus, algumas causaram preocupação para a classe. Por exemplo, a que livra os times da obrigação de recolher FGTS nos próximos 180 dias e também impossibilita o jogador de pedir a rescisão do seu contrato nesse período, diferentemente do que determina a Lei Pelé.

Outro ponto contestado é o que reduz em 50% a cláusula compensatória desportiva - ela determina que a agremiação só possa demitir um atleta se quitar todos os salários até o final do contrato. O novo projeto defende a redução desse valor pela metade.