A tão sonhada medalha olímpica bateu na trave de novo. Assim como em Atenas, há quatro anos, Diogo Silva terminou o torneio londrino no quarto lugar e viu seu grande sonho ser adiado mais uma vez. Mas nem por isso o técnico da seleção brasileira, Fernando Madureira, mostrou-se decepcionado com desempenho do atleta. O treinador garante ter ficado satisfeito com a performance do taekwondista, que segundo ele, enfrentou os melhores do mundo de igual para igual.
''Claro que fiquei triste pela falta da medalha, porém muito satisfeito por saber que ele superou um terceiro do mundo, empatou com o segundo do mundo e não ganhou por critérios de arbitragem, não foi nem por regulamentação'', analisou o técnico londrinense. ''É um dos pesos (categoria até 68 Kg) mais equilibrados do mundo e volto tranquilo, ciente de que fizemos o melhor'', continuou.
Madureira disse ainda que não mudaria em nada as estratégias escolhidas para as lutas. Na sua avaliação, ''o plano traçado foi o ideal''. ''O momento do dia ali que pegou. E não foi nem por causa dele, foi mais por conta da arbitragem, que acabou sendo tendenciosa'', criticou.
Após a derrota para o americano Terrence Jennings, na luta que valia a medalha de bronze, Diogo e seu staff chegaram a reclamar que o adversário aplicou o último golpe já com o cronômetro zerado. O treinador pediu a revisão das imagens, mas o resultado foi mantido.
Nas semifinais, em que Diogo perdeu para o iraniano Mohammad Bagheri Motamed, número 2 do mundo, na decisão dos juízes, Madureira também reclamou muito dos árbitros. ''Nessa hora pesa o país que tem uma expressão maior, já tem resultados expressivos há mais tempo que a gente. São países que investem mais que a gente, organiza mais eventos internacionais. O árbitro, inconscientemente, levanta o histórico e sem querer, não é um roubo, acaba pesando. É uma tendência inconsciente'', afirmou o técnico.
Sobre o novo ciclo olímpico, que se iniciará após as férias, Madureira disse que ainda pretende conversar com o presidente da Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTkd), Carlos Fernandes, para definir se continua no comando técnico da seleção. O treinador exige algumas mudanças para seguir, entre elas mais autonomia para administrar o preparo dos atletas. ''Acredito que posso contribuir muito para o Brasil, mas não posso contribuir se não tiver autonomia, ou se não tiver um livrinho de regulamento para poder tocar os caras. Ninguém faz milagre'', comentou.
Diferente do último ciclo olímpico, para os Jogos do Rio de Janeiro, em 2016, todo o investimento será destinado aos pesos olímpicos. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) já anunciou que pretende aumentar a verba do taekwondo, pelo seu potencial de medalhas. ''O ideal seria R$ 1 milhão/ano por atleta, mas com metade disso já dá para fazer um estrago. O Brasil tem condições de brigar por quatro medalhas no Rio'', finalizou. Segundo Madureira, Diogo Silva recebeu cerca de R$ 400 mil em pouco menos de quatro anos antes dos Jogos de Londres.